
Em evento que discutiu os desafios de Florianópolis para cumprimento do marco do saneamento, o prefeito Topázio Neto (PSD) descartou a possibilidade de rompimento do contrato do município com a Casan (Companhia Catarinense de Águas e Saneamento). Ele disse que recebe frequentes questionamentos a respeito, mas considera que a medida não é opção “por vários motivos”. Um deles, segundo o prefeito, é que boa parte dos problemas da cidade são relacionados a licenciamento ambiental “romper o contrato com a Casan não quer dizer que vamos resolver todos os problemas” nesse sentido.
Além disso, Topázio lembrou que o contrato com a concessionária encerra em oito anos e que “qualquer movimento da prefeitura” para acabar unilateralmente com a parceria “fatalmente seria judicializado”. “Faço uma análise muito fria, sem paixão. Ao longo dos anos, a Casan sempre teve uma imagem muito ruim em Florianópolis e a primeira coisa que qualquer prefeito com baixa aprovação faz é bater na Casan para melhorar a popularidade”, disse o prefeito da capital, nesta segunda-feira (9) em almoço estratégico promovido pelo movimento Floripa Sustentável que debateu sobre como garantir investimentos para o setor.
A implantação de “estações compactas, em áreas menores e mais sensíveis”, estratégia proposta pela Casan, pode ajudar Florianópolis a atingir o percentual de 82% de cobertura em saneamento até 2027, segundo Topázio. “E ainda teríamos mais cinco anos para chegar no nosso esperado 90% de cobertura”. De acordo com a legislação federal, a meta a ser atingida é de 99% da população atendida com água tratada e com 90% de coleta e tratamento de esgoto até 2033.
O presidente da Casan, Edson Moritz, afirmou que a cidade recebeu R$ 423 milhões em investimentos nos últimos dois anos e citou a entrega de obras como as estações de tratamento de esgoto dos Ingleses e do Saco Grande, a reforma da estação insular e do Sistema Potecas, no continente. Ele observou que essas obras possibilitaram o aumento de cobertura em 14% desde 2022 e anunciou que a empresa tem R$ 1,5 bilhão captado até o final do ano e que esse recurso será utilizado para a implantação de pequenas estações de tratamento de esgoto no Campeche, Tapera/Ribeirão da Ilha, Carianos/Ressacada e Pântano do Sul, algumas delas já entregues ou em andamento.
Moritz também fez um desabafo sobre o que ele classificou de “calvário do Sul da Ilha”, em referência ao projeto da estação do Rio Tavares, “enterrado pela judicialização e omissão”. A obra está suspensa por decisão da 6a Vara Federal de Florianópolis, publicada no último dia 2 de junho.
O painel contou com palestras dos representantes da empresa líder em Saneamento privado do Brasil, a Aegea, Fabiano Dallazen, e da maior empresa pública de Saneamento do país, a Sanepar, do Paraná, Marcus Venicio Cavassim. O coordenador geral do Floripa Sustentável, Roberto Costa, ressaltou “a relevância de um evento que, pela primeira vez, reuniu todos os atores do ecossistema de Saneamento do Sul do Brasil, do Estado e da Capital para propor acima de tudo uma união de esforços a fim de dar conta deste enorme desafio que é o marco do saneamento”.