Florianópolis tem número histórico de mulheres em pastas estratégicas

Por Soledad Urrutia

Em ano eleitoral, aumentar a representatividade de mulheres em espaços de poder não pode ser pauta somente de discursos sobre metas e prioridades. A coluna vai avaliar, nas próximas semanas, a representação feminina nas principais cidades do estado, começando por Florianópolis, em que 41% das secretarias municipais da prefeitura são lideradas por mulheres. Em Florianópolis, a gestão municipal não só apresenta número histórico de mulheres no comando de secretarias, sete das 17 pastas, mas são elas que comandam espaços estratégicos do município.

De acordo com a Secretária Municipal de Licitações, Contratos e Parcerias e Secretária Municipal de Administração de Florianópolis, Katherine Schreiner, dentre os cargos comissionados da gestão do prefeito Topázio Neto, a maioria é preenchido por mulheres. “De um total de 993, 54,68% são ocupados por mulheres e 45,32% por homens”, destaca.

Para Katherine, a ampla presença de mulheres no comando estratégico de espaços da gestão deve-se a diversos fatores.

– O atual prefeito veio da iniciativa privada, onde a competência técnica, eficiência, produtividade são grandes fatores de decisão na contratação. Assim, estes conceitos têm sido cada vez mais introduzidos na gestão municipal e, com isso, as mulheres que preenchem estes requisitos automaticamente ganharam espaço.

Além de Katherine, que acumula duas secretarias, Florianópolis tem as pastas da Fazenda, Procuradoria Geral, Habitação e Desenvolvimento Urbano, Saúde e Educação comandadas por mulheres.

Auditora estadual de Finanças Públicas e mestre em Contabilidade pela UFSC, Michele Patricia Roncalio é a primeira mulher a assumir a chave do cofre da Capital, na Secretaria da Fazenda.  Em um cargo historicamente ocupado por homens, ela tem a missão de cuidar do equilíbrio das contas da Capital e o desafio de organizar a administração tributária, buscando mais celeridade, desburocratização e eficiência dos processos e recursos, além das discussões dos impactos e adaptações que estão por vir com a nova Reforma Tributária.

– O desafio é sempre estar à frente, prevenindo os riscos e buscando alternativas para atender as diversas demandas com recursos cada vez mais limitados, ou seja, fazer mais com menos -, ressalta a secretária que também é a única mulher da Diretoria do Conselho dos Secretários da Fazenda dos Municípios da FECAM.

O equilíbrio de gênero no mercado de trabalho é uma das metas da Organização Mundial das Nações Unidas (ONU) dentro da agenda 2030. Um desafio praticamente impossível de ser atingido no Brasil, que, em termos de representatividade política, ocupa a pior posição da América Latina e do Caribe, com cerca de 15% de mulheres nos cargos legislativos.

Atualmente, segundo o Censo das Prefeitas Brasileiras, promovido pelo instituto Alziras, somente 12% dos municípios do país são governados por mulheres. Na região sul a média é ainda mais baixa, 9%.

O estímulo à participação de mulheres na gestão municipal garante também a participação delas nos processos eleitorais. Na Capital, alguns nomes que participam do atual governo já aparecem como possíveis candidatas à Câmara de Vereadores.  Fabricia Souza, Cleuse Pereira Soares, Sandra Raimundo, Andrea Vergani  e Maria Cláudia Goulart, podem vir a disputar uma vaga no legislativo, que em 2020 foi marcado pelo aumento de sua bancada feminina. O número de vereadoras mulheres passou d uma para cinco, a maior participação da história.


Foto: Divulgação.

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