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8 de setembro de 2024

Piriquito e Pavan: essa “briga” é antiga

Galvão Bertazzi reinterpreta as brigas políticas de Édson Piriquito e Leonel Pavan que quase se tornaram brigas de fato

Edson Piriquito e Leonel Pavan são duas figuras que já fizeram suas histórias na política de Santa Catarina. O primeiro, foi vereador, deputado estadual e duas vezes prefeito de Balneário Camboriú. O segundo, também administrou Balneário Camboriú por duas oportunidades, foi vereador, deputado federal, estadual, senador, vice-governador e governador.

Os dois políticos sempre estiveram em posições opostas. Mesmo quando seus partidos fizeram coligações em eleições majoritárias, eles ficavam de lado contrário.

Nunca disputaram uma eleição um contra o outro, mas agora, neste 2024, parece que a hora chegou. Ambos transferiram seus domicílios eleitorais para Camboriú e prometem o embate do século da política catarinense. Pavan concorrerá pelo PSD e Piriquito, depois de uma revoada pelo Republicanos, voltou para o MDB.

As divergências entre os dois tradicionais políticos vêm de longe. Em 1996, Leonel Pavan era deputado federal e se preparava para disputar a prefeitura de Balneário Camboriú pela segunda vez. Telefonou então ao jovem Piriquito, que já se destacava como uma liderança promissora, e o convidou para assinar ficha e ser candidato a vereador pelo PDT, seu partido à época. Piriquito ao telefone aceitou, mas no prazo final de filiações, pulou fora e acabou indo para o então PPB, hoje Progressistas.

Pavan não engoliu a negativa e na primeira vez que se encontraram, em frente a casa noturna Whiskadão (quem conhece Balneário Camboriú sabe onde fica), só não foram as vias de fato porque a turma do “deixa disso” entrou em cena. Em outra oportunidade, no antigo autódromo Vale das Cobras, onde ambos corriam de carro, outro desentendimento e, lembra Piriquito, “por pouco o pau não fechou pra valer”.

Nós não podíamos se encontrar que já fechávamos o pau – recorda Piriquito, acrescentando que hoje conversam civilizadamente.

Em 2000, Pavan se reelegeu prefeito e Piriquito conquistou seu primeiro mandato de vereador. Em 2002, Pavan foi eleito senador da República, na chapa liderada pelo governador Luiz Henrique (PMDB). Em seu lugar, assumiu o vice-prefeito Rubens Spernau, que se reelegeu em 2004, enfrentando, ninguém menos que Edson Piriquito, já no MDB. O resultado foi 58% a 42%.

Em 2006, na reeleição de Luiz Henrique, com Leonel Pavan como vice, Piriquito disputou uma vaga na Assembleia Legislativa. Ficou na segunda suplência do MDB, mas assumiu logo no início da legislatura e efetivou-se em seguida, com a ida dos deputados João Henrique Blasi para o Tribunal de Justiça, e Herneus de Nadal para o Tribunal de Contas.

Em 2008, já como deputado estadual, Piriquito voltou a enfrentar o grupo de Pavan, na disputa pela prefeitura de Balneário Camboriú. Desta vez o adversário foi o então deputado estadual Dado Cherem, hoje conselheiro do Tribunal de Contas. Assim, venceu sua primeira eleição de prefeito, com uma diferença de 1.803 votos. A campanha foi pautada por ataques a Leonel Pavan e seu grupo.

Em 2012, se reelegeu prefeito. Enfrentou novamente o grupo de Pavan, desta vez representado pelo ex-prefeito Rubens Spernau. Esta campanha foi bem mais tranquila. Obteve uma vitória acachapante, com mais de 63% dos votos. No segundo mandato teve seu nome envolvido na operação Trato Feito, que investigou irregularidades na construção da Passarela da Barra. Essa ação foi extinta pela Justiça recentemente.

Em 2020 voltou a concorrer a prefeito, mas perdeu para o atual prefeito Fabricio Oliveira, que disputava a reeleição. Em 2022, com uma candidatura “sub judice” tentou uma vaga na Assembleia Legislativa, pelo Republicanos. Chegou em terceiro lugar no partido (que fez uma cadeira na Alesc), com pouco mais de 14 mil votos.

Leonel Pavan, por sua vez, em 2010, com a renúncia de Luiz Henrique para ser candidato ao Senado, assumiu o Governo de Santa Catarina. Acabou implicado numa operação que investigava sonegação fiscal de uma distribuidora de combustível e não conseguiu concorrer a reeleição. Raimundo Colombo foi o candidato pela então Tríplice Aliança (PFL, MDB e PSDB – partido de Pavan) e acabou se elegendo e se reelegendo em 2014. No ano passado, mais de 12 anos depois, o Ministério Público pediu a absolvição do ex-governador por falta de provas.

Em 2014 Leonel Pavan voltou à cena política e se elegeu deputado estadual pelo PSDB. Não tentou a reeleição em 2018. Em 2022 queria ser candidato a vice-governador na chapa de Esperidião Amin (PP), mas foi preterido. O escolhido foi o ex-senador Dalírio Beber. Amin chegou em quinto lugar na eleição estadual e Pavan, contrariado, declarou apoio ao governador Carlos Moisés (Republicanos), que também ficou fora do segundo turno.

Hoje, as animosidades entre Piriquito e Pavan parecem ter ficado no passado, mas conhecendo os métodos de ambos fazer política, não há dúvida que a eleição de Camboriú, onde já teve prefeito preso por atentado a bala contra vereadores, nos proporcionará fortes emoções. Se confirmadas as candidaturas de ambos, teremos a eleição do século na cidade.



Arte – Galvão Bertazzi reinterpreta as brigas políticas de Édson Piriquito e Leonel Pavan que quase se tornaram brigas de fato.

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