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8 de setembro de 2024

De Konder Reis para Paulo Gouvêa: “cuidado com a maionese”

As dicas de Konder Reis a Paulo Gouvêa na interpretação de Galvão Bertazzi

Essa história me foi contada pelo ex-governador Raimundo Colombo (PSD) e nesta semana quando o encontrei, na Assembleia Legislativa, confirmei alguns detalhes e nomes dos personagens.

Paulo Gouvêa da Costa é um personagem da política de Santa Catarina. Radicado em Blumenau, seu último cargo eletivo foi conquistado na eleição de 2014, como suplente do ex-senador Dario Berger (PMDB).

Sua entrada no universo político se deu em 1979, no governo de Jorge Bornhausen (Arena). Depois participou do primeiro governo Esperidião Amin (PDS), no início da década de 1980, e voltou em 1991 como secretário de Transportes e Obras do governo de Vilson Kleinubing (PFL).

Em 1994, disputou a primeira eleição a deputado federal, pelo PFL. Nesta eleição, o PFL lançou Jorge Bornhausen ao governo do Estado. Ele não chegou ao segundo turno, mas elegeu três federais (José Carlos Vieira, Paulinho Bornhausen e Paulo Gouveia).

Quando se preparava para a disputa eleitoral, ele foi se aconselhar com um dos “mitos”, da política de Santa Catarina: Antônio Carlos Konder Reis, primo de Jorge Bornhausen. Falecido em 2018, aos 94 anos, junto com Lauro Müller, é o político que mais ocupou cargos públicos no Estado em toda a nossa história.

Konder Reis, em 1994, estava governando Santa Catarina pela segunda vez. Vilson Kleinubing, do PFL, renunciara ao governo para disputar o Senado e como ele era o vice-governador, filiado ao então PPR (ex-PDS), assumiu o Governo.

Uma verdadeira lenda da política de Santa Catarina, antes disso ele já havia sido deputado estadual, deputado federal, senador por duas vezes e governador biônico na década de 1970, nomeado pelo regime militar.

Konder Reis teve no seu currículo uma raridade para um político brasileiro. Participou com destaque de duas constituintes. Foi relator da Constituição de 1967 (sob o regime militar) e relator-adjunto do deputado Bernardo Cabral na Constituição Cidadã de 1988.

Exímio orador, discorria sobre Santa Catarina em seus discursos como poucos em sua época. Todo esse cabedal de conhecimentos fazia com que políticos o procurassem para conselhos. Assim ocorreu com Paulo Gouvêa, que entrou no gabinete do governador e puxou assunto:

Doutor Antônio Carlos, decidi disputar a eleição para a Câmara Federal. Acho que fiz um bom trabalho como secretário de Transportes e Obras e acho que estou pronto para mais esse desafio, mas antes gostaria de ouvir um conselho seu de como devo proceder na campanha – disse Paulo Gouvêa.

Esperando por dicas do experiente político de como pedir votos ou abordar os eleitores, Paulo Gouveia saiu decepcionado da sala com a resposta que obteve. Depois de ouvi-lo com atenção, o governador, com sua voz calma, disse-lhe com um ar paternal:

Se você vai sair por aí a pedir votos por este Estado, tome muito cuidado com a maionese que te servirem – respondeu Konder Reis.

Paulo Gouvêa ficou meio sem entender o que o governador falava, mas ele continuou:

E quando vires um banheiro, não se furte em usá-lo, porque você não sabe quando vai encontrar outro – completou o então governador.

Nunca fui candidato, mas faço campanha desde 1988 acompanhando candidatos em todo o tipo de eleição. Posso afirmar, sem medo de errar, que os conselhos do Doutor Antônio Carlos são de grande valia para quem está no trecho.

Paulo Gouvêa foi eleito deputado federal naquela eleição, com 43.196 votos, e reeleito em 1998, com 72.804 votos. Em 2000 tentou a Prefeitura de Blumenau, mas acabou perdendo.



Ilustração – As dicas de Konder Reis a Paulo Gouvêa na interpretação de Galvão Bertazzi.

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