O candidato que queria beijar o anão

Mais uma crônica política originada no ex-deputado Mário Cavalazzi. É inusitada, mas acontece facilmente numa campanha eleitoral.

Frutoso Oliveira conta a história do diretor do Besc que em evento de campanha eleitoral confundiu anão com uma criança

Político que se preza pega criança no colo.

Não sei onde essa prática começou, mas em todas as campanhas eles estão lá posando para os fotógrafos com um pequenino nos braços. Desde candidatos a vereador de pequenos municípios até o candidato a presidente dos Estados Unidos.

Cavalazzi é um grande contador de histórias da política catarinense.

Ele foi deputado estadual, um dos primeiros aliados de Fernando Collor (presidente eleito em 1989) no Estado, deputado federal e secretário de Estado da Agricultura. Também esteve à frente da Secretaria de Turismo de Florianópolis, quando Dário Berger era o prefeito. Na época, a árvore de Natal da Avenida Beira-mar Norte rendeu muita polêmica, mas isso é outra história…

Conta ele que na década de 1980, um alto diretor do extinto Banco do Estado de Santa Catarina (BESC) decidiu que seria candidato a deputado estadual. Foi incentivado pelo então governador Esperidião Amin.

Burocrata do mercado financeiro, não tinha o approach da política e pediu uma orientação ao Cavalazzi, que nessa época já tinha algumas campanhas no currículo. A dica foi simples: quando estiver no meio do povo, sorria, aperte a mão de todos, bata nas costas, beije as velhinhas e segure as crianças no colo.

A estreia do futuro candidato foi na inauguração da agência do Besc de São Miguel do Oeste. Entre abraços, sorrisos, beijos e tapas nas costas, algo inusitado aconteceu. Ao levantar um menino para segurar no colo e dar um beijo, o pretendente a candidato ouviu uma voz grossa, de homem, no seu ouvido:

– Me coloca no chão, seu filho da puta.

Não era uma criança. Era um anão. A campanha terminou ali e o diretor voltou a cuidar dos seus números e nunca mais pensou em ser candidato.

Os colunistas são responsáveis pelo conteúdo de suas publicações e o texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Upiara.