João Rodrigues, o MDB, a raposa e as uvas

Esopo, contador de histórias da Grécia Antiga, viveu entre 620 e 560 a.C. Foi o criador das fábulas — narrativas curtas em que animais se comportam como humanos, sempre com uma lição moral ao final.
Uma de suas histórias mais conhecidas, “A Raposa e as Uvas”, recontada séculos depois por Jean de La Fontaine, mostra uma raposa tentando alcançar um cacho de uvas maduras. Após várias tentativas frustradas, desiste e tenta se convencer de que as uvas estavam verdes.

Frutuoso Oliveira adapta a fábula da raposa e das uvas à relação de João Rodrigues com o MDB

Lembrei dessa fábula ao ouvir a reação do prefeito de Chapecó, João Rodrigues (PSD), às recentes declarações de amor entre o governador Jorginho Mello (PL) e o MDB. Isolado em seu projeto de candidatura ao governo, o prefeito sentiu o golpe depois do grande encontro emedebista realizado em Balneário Camboriú, no último sábado.

Em entrevista à Rádio Chapecó, João disparou:

– Na minha chapa, MDB não participa.

A justificativa: o MDB catarinense teria cometido um erro grave ao se alinhar ao presidente Lula (PT). Citou até o deputado federal licenciado Carlos Chiodini, presidente estadual do partido, por votar favoravelmente a projetos do governo — como se isso fosse crime.

O curioso é que, até poucos dias atrás, João Rodrigues e dirigentes do PSD ofereciam ao MDB duas vagas na chapa majoritária: a vice e o Senado. Agora que o MDB oficializou o casamento político com Jorginho Mello — inclusive ocupando espaços no governo —, passou a ser descartado.

Se, como afirma João, participar do governo Lula é pecado capital, talvez ele devesse rever sua própria filiação partidária. Afinal, o PSD conta com três ministros na Esplanada: Carlos Fávaro (Agricultura), Alexandre Silveira (Minas e Energia) e André de Paula (Pesca). E, esqueceu também, que o MDB faz parte da sua coligação na Prefeitura de Chapecó.

Parece que, tal qual a raposa de Esopo, quando as uvas estão fora do alcance — é mais fácil dizer que estão verdes.

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