Ganhos no transporte coletivo: caminho certo para Florianópolis. Por Rafael Hahne

Artigo de Rafael Hahne, Secretário de Infraestrutura e Manutenção de Florianópolis

A Prefeitura de Florianópolis vem realizando obras de infraestrutura, como os binários, e também desatando nós viários — como na Ivo Silveira, Gustavo Richard ou na nova ponte da Lagoa — para ampliar a capacidade e a fluidez do transporte coletivo. Contudo, como a boa costura se vê pelo avesso, agora chegou o momento de cuidar da operação por dentro, com ajustes em linhas para trajetos mais rápidos, pagamentos via PIX nos terminais e ônibus climatizados nas linhas convencionais.

A política de mobilidade, com investimentos para ampliar a capacidade e a fluidez do sistema, já apresenta resultados. Hoje, Florianópolis é a capital da região Sul do Brasil que mais recuperou passageiros. É a única que já alcançou 100% do número de passageiros registrados em 2019, antes da pandemia, ou seja, 65 milhões de giros de catraca.

A mobilidade e o transporte público são variáveis muito dinâmicas. As mudanças, construídas a várias mãos pelas equipes técnicas da prefeitura e do Consórcio Fênix, representam uma acomodação estratégica para tornar o transporte de passageiros mais ágil e confiável. Nesse contexto, cinco linhas curtas do transporte executivo foram excluídas devido à baixa demanda, com a devida compensação através do transporte convencional, onde a tarifa é menor e a frequência de horários muito maior.

Um exemplo dessa mudança é a linha executiva do Córrego Grande. Mesmo sendo a linha com maior número de usuários entre as que foram suspensas, ainda assim registrava uma média de apenas sete passageiros por viagem. O município autorizou a compra de sete ônibus novos com ar-condicionado, carregador USB, suspensão a ar e câmbio automático para as linhas convencionais. Com isso, o usuário que fazia esse percurso em 38 minutos em um “amarelinho” e pagando R$ 14, poderá agora utilizar a linha direta entre Titri e Ticen, economizando quatro minutos e quase dois terços no valor da tarifa.

A criação de duas linhas diretas para acelerar o deslocamento entre os terminais da Trindade e Santo Antônio de Lisboa favorece passageiros de todo o Norte da Ilha, da região do João Paulo e da Bacia do Itacorubi. É a aposta na necessidade de mudança cultural no sistema. Hoje em dia, Florianópolis permite uma integração temporal de até três horas, sem limite de embarques ou limitação de rotas – uma grande vantagem para o deslocamento dos usuários, que precisam aprender como aproveitar esse diferencial para uma experiência mais completa.

Com a captação de recursos para novas obras estruturantes, como o corredor do BRT que deve iniciar em 2026, ou ainda com a possibilidade de corredores preferenciais ou exclusivos na SC-401, pode-se apostar que Florianópolis vai se tornar cada vez mais uma referência nacional também em transporte coletivo. Não é pouca coisa para um sistema que atende o usuário praticamente na porta de casa, em uma ilha com 54 quilômetros de extensão, 18 quilômetros de largura e que conta com quase 60% de sua área como preservação permanente. Com mais de 8 mil horários e 300 mil passageiros por dia, a lógica é tornar a operação cada vez mais amigável e adequada para todos.

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