O industrial Gilberto Seleme é o novo presidente da Federação das Indústrias (Fiesc). A cerimônia de posse, que ocorreu na noite de sexta-feira, foi prestigiada pelo presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, por presidentes de Federações Industriais, por membros da diretoria e conselhos do SESI e SENAI nacionais, além de autoridades como o governador Jorginho Mello (PL). Também compareceram quatro senadores, deputados federais e estaduais e representantes do poder judiciário.

Em seu discurso de posse, Seleme reforçou o compromisso da entidade com o diálogo com a sociedade e com os diferentes poderes, com todas as instâncias de governo, com todas as correntes políticas.
– Também é isso que esperamos dos nossos representantes, tanto em nível estadual, quanto federal. A negociação, o diálogo e a diplomacia sensata, desconectada de interesses eleitorais, mais do que nunca, são o caminho para superar o grave momento em que vivemos. O partido da Fiesc é a indústria – afirmou.
Os destaques do discurso de Seleme
Infraestrutura: Crítica histórica e defesa incondicional do capital privado
O tema da infraestrutura foi tratado como um dos mais críticos e urgentes para a indústria catarinense. Seleme apontou a situação como um gargalo que “segue tirando o sono dos empresários catarinenses”. Ele diagnosticou o problema não como uma falha de um governo específico, mas como o “reflexo de uma sequência histórica de omissões que exigem soluções urgentes”. A posição da nova gestão é inequívoca quanto à solução: “A Fiesc manterá sua posição firme: sem a participação do capital privado, o Brasil não conseguirá romper o ciclo de precariedade logística. Defendemos concessões modernas, reguladas com eficiência e voltadas ao interesse público”.
Os quatro pilares da gestão
A nova presidência estabeleceu quatro eixos centrais que nortearão suas ações:
- Associativismo
- Educação
- Infraestrutura
- Ação social, com foco na saúde do trabalhador.
Esses pontos foram apresentados como “temas críticos para o presente e o futuro da indústria catarinense”.

Descentralização e o lema “Menos Florianópolis e Mais SC”
Como primeiro presidente vindo do Oeste catarinense, Seleme prometeu uma gestão que valorize a diversidade industrial de todas as regiões do Estado. Ele fez uma analogia direta com o debate nacional para marcar sua posição: “Se, em âmbito nacional, os empresários defendem menos Brasília e mais Brasil; aqui queremos menos Florianópolis e mais Santa Catarina”.
Posicionamento político: diálogo institucional e independência
Seleme buscou um tom pragmático e de cooperação com os poderes constituídos, colocando a Fiesc à disposição do governador Jorginho Mello. Contudo, reforçou a independência da entidade ao afirmar que “o partido da Fiesc é a indústria” e que, para a federação, “nossos partidos são Santa Catarina e o Brasil”. Defendeu “a negociação, o diálogo e a diplomacia sensata desconectada de interesses eleitorais” como o caminho para a superação de crises.
Defesa da indústria contra barreiras internacionais
O discurso abordou diretamente o impacto de tarifas sobre os produtos catarinenses, especialmente no mercado dos Estados Unidos. O novo presidente cobrou objetividade e anunciou uma ação prática da entidade: “A indústria não espera medidas paliativas, mas objetividade para resolver o problema das tarifas que praticamente embargam os produtos catarinenses no mercado dos Estados Unidos. […] a FIESC está fazendo sua parte e […] nos próximos dias apresentaremos um plano de apoio”.
Reconhecimento ao Legado de Mario Cezar de Aguiar
A transição foi marcada por um reconhecimento explícito ao antecessor. Seleme destacou o “trabalho exemplar” de Mario Cezar de Aguiar, afirmando que sua gestão “será sempre lembrada pelo equilíbrio, pela firmeza e pela capacidade de conduzir a Fiesc, mesmo diante dos maiores desafios dos últimos tempos”.
Mário Aguiar fez balanço de sua gestão na Fiesc

O ex-presidente Mario Cezar de Aguiar, que deixou a gestão após sete anos, salientou que os resultados alcançados “foram obra da união em torno de objetivos coletivos, com participação dos colaboradores e dos industriais, que mesmo diante de crises, incertezas e turbulências, corajosamente mantiveram os investimentos e a confiança nos seus propósitos.” Entre as realizações, Aguiar destacou o maior programa de investimentos da história da Fiesc, de R$1,5 bilhão, com foco em áreas estruturantes como educação, inovação, saúde, internacionalização e inclusão.
O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, afirmou que Santa Catarina é uma inspiração pela diversidade de sua indústria e pela capacidade empreendedora dos catarinenses.
– A FIESC tem uma presença marcante, com industriais presentes e atuantes. Nossa responsabilidade é cobrar que a política industrial se torne uma política de Estado.
O governador Jorginho Mello, disse que o Estado tem um dos menores níveis de desemprego do mundo, graças ao empresariado catarinense. Ele destacou o protagonismo da indústria e salientou que o diálogo com a FIESC segue aberto.
– A indústria de excelência em SC é exemplo para o Brasil – afirmou.
O presidente do Conselho Nacional do SESI, Fausto Augusto Junior, destacou a relevância do momento para a indústria catarinense. Segundo ele, o setor tem papel estratégico no desenvolvimento econômico e social do país e se diferencia pela força de seu parque industrial e pela capacidade de inovação.
– Tenho certeza de que a nova gestão fortalecerá ainda mais a competitividade das empresas, ampliará a geração de empregos de qualidade e impulsionará ações voltadas ao bem-estar dos trabalhadores e de suas famílias – afirmou Fausto.