A Câmara de Dirigentes Lojistas de Florianópolis e a Associação Empresarial de Florianópolis (Acif) vão financiar um estudo internacional com consultoria do escritório do renomado arquiteto e urbanista dinamarquês Jan Gehl, para repensar o centro da cidade. A ideia, de acordo com os representantes das entidades, é valorizar conceitos de mobilidade ativa, uso democrático de espaços públicos e qualidade de vida com foco nas pessoas e na inclusão.
O estudo tem um cronograma de desenvolvimento de seis meses e contará com suporte do Laboratório de Urbanismo e Arquitetura, que vai fornecer informações sobre a economia e a sociedade local à equipe de Gehl, autor do livro “Cidades para pessoas”, lançado em 2010, que se tornou referência urbanistas do mundo inteiro. A consultoria vai incluir ações de curto, médio e longo prazo, com metas tangíveis para execução imediata em parceria com o poder público.
Consolidado após missão internacional das entidades em cidades da Europa que hoje são modelos mundo afora, o projeto foi apresentado a entidades e à imprensa nesta terça-feira (9) comandada pelo presidente da CDL, Eduardo Koerich; pelo presidente da Acif, Célio Bernardi; e pelo prefeito de Florianópolis, Topázio Neto (PSD). Participaram também, Tatiana Filomeno, diretora executiva do LUA; Ivanna Tomasi, secretária municipal de Habitação e Desenvolvimento Urbano; e Michel Mittmann, secretário executivo de Projetos Estratégicos da prefeitura de Florianópolis.
“A missão internacional foi uma oportunidade de identificar caminhos práticos para Florianópolis, em um momento em que a revisão do Plano Diretor abre novas possibilidades de investimento e qualificação dos espaços públicos. Vimos em cidades como Copenhague, Londres, Coimbra e Lisboa como os empreendimentos podem transformar o entorno e fortalecer bairros, algo que também está no foco da gestão municipal aqui na capital. Temos uma oportunidade histórica de pensar a cidade de forma conjunta, valorizando pessoas, gerando oportunidades e melhorando a vida de todos”, disse Eduardo Koerich, presidente da CDL.

O estudo terá como foco a área central de Florianópolis, entre o Morro da Cruz e a ponte Hercílio Luz, abrangendo o centro histórico e a passarela da cidadania. Será desenvolvido um plano urbano que servirá como guia para a criação de espaços públicos mais coesos, vibrantes e acessíveis, garantindo que cada nova iniciativa esteja conectada entre si e siga um mesmo padrão de qualidade. “Dessa forma, o masterplan não se limita às áreas inicialmente selecionadas, mas se torna uma ferramenta de longo prazo para orientar o crescimento da cidade com consistência e alinhamento”, finaliza Koerich.
“Buscamos no escritório e na referência de Jan Gehl as boas iniciativas já aplicadas no mundo todo e que têm resultados de sucesso. Cada cidade que conhecemos trouxe referências importantes para Florianópolis. Copenhague mostrou como a mobilidade ativa e os espaços públicos podem transformar a qualidade de vida. Londres, mesmo sendo um grande centro financeiro, reforça o foco em áreas de convivência e transporte integrado. Lisboa destacou a força do retrofit e da requalificação urbana preservando a memória histórica, e Coimbra apresentou soluções de transporte coletivo eficientes em terrenos semelhantes aos nossos. São experiências que inspiram e apontam caminhos possíveis”, destaca o presidente da Acif, Célio Bernardi.
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“O LUA é um espaço que reúne profissionais para pensar propostas e estratégias diante dos desafios urbanos contemporâneos. O laboratório terá um papel fundamental neste projeto, atuando como a base local capaz de traduzir a realidade de Florianópolis e conectar nossas necessidades com a experiência internacional. Essa integração garante que as ideias e os conceitos globais sejam aplicados de forma adequada às expectativas e ao contexto da nossa cidade”, explica a diretora executiva do LUA, Tatiana Filomeno.
O estudo será integralmente financiado pelas entidades, sem qualquer impacto para os cofres públicos, mas a prefeitura de Florianópolis terá um papel essencial de apoio institucional, participando da construção e do desenvolvimento das propostas. A execução dos projetos poderá ser viabilizada por meio da outorga onerosa do direito de construir — instrumento urbanístico que ganhou força com a revisão do Plano Diretor e que direciona recursos especificamente para a criação e qualificação de espaços públicos.