Instrumentos públicos de fomento econômico e incentivo tributário estão cada vez mais acessíveis — e ainda pouco explorados por empresas. Por Michel Scaff Junior

Artigo de Michel Scaff Junior, sócio Núcleo Relações de Consumo da Menezes NiebuhrSociedade de Advogados

Linhas de crédito com juros reduzidos, incentivos fiscais e regimes especiais de tributação estão mais acessíveis do que nunca — e são uma oportunidade concreta para empresas que desejam crescer com suporte público e foco estratégico. Trata-se de instrumentos de estímulo econômico que incluem prazo de carência estendido, diferimento de tributos e deduções fiscais relevantes, especialmente voltados a projetos de modernização, ampliação da capacidade produtiva e desenvolvimento tecnológico.

Embora disponíveis e tecnicamente acessíveis, esses mecanismos seguem amplamente subutilizados. Muitos empresários desconhecem sua existência ou supõem, equivocadamente, que são restritos a grandes grupos ou a operações complexas. Na prática, empresas com porte técnico, contábil e jurídico bem estruturado podem — com o devido planejamento — acessar condições financeiras e tributárias significativamente mais vantajosas do que aquelas oferecidas pelo mercado tradicional.

Entre os instrumentos disponíveis, destacam-se iniciativas como a Lei do Bem, que oferece incentivos fiscais a empresas que investem em pesquisa, desenvolvimento e inovação, além de programas regionais como o Prodec, que permite diferimento de tributos para empresas industriais em expansão, especialmente no Estado de Santa Catarina. Esses mecanismos dialogam diretamente com a estratégia de empresas que desejam preservar caixa ao mesmo tempo em que ampliam sua atuação produtiva.

Em um cenário de alta seletividade e pressão competitiva, a possibilidade de financiar projetos estratégicos com taxas reduzidas, carência de até quatro anos e contrapartidas tributárias representa uma vantagem operacional direta. Além do impacto financeiro, esses instrumentos geram previsibilidade, protegem o fluxo de caixa e fortalecem o posicionamento institucional das empresas diante de cadeias produtivas e órgãos públicos.

No campo do crédito incentivado, ganham destaque os financiamentos com recursos do BNDES e da FINEP especialmente voltados a projetos de inovação industrial, automação, digitalização e sustentabilidade. As condições incluem prazos estendidos, taxas subsidiadas e, em certos casos, subvenções econômicas parciais. A depender do enquadramento, é possível acessar linhas que operam com juros reais negativos ou com início de pagamento dilatado.

É importante destacar que grande parte dessas iniciativas se articula com prioridades governamentais e políticas emergenciais. Um exemplo atual é o Plano Brasil Soberano, que visa apoiar pessoas jurídicas de direito privado e exportadores individuais de bens afetados pela imposição de tarifas adicionais sobre exportações brasileiras — o chamado “tarifaço”. 

Ainda que tecnicamente viável, o acesso a esses instrumentos exige preparo, estratégia e atenção aos critérios específicos de cada programa. A ausência de alinhamento entre o projeto da empresa e os requisitos técnicos ou documentais pode resultar na negativa dos pedidos ou, pior, em exigências futuras de devolução de valores ou desqualificação fiscal. Por isso, é fundamental que a solicitação seja estruturada com clareza, apoiada por assessoria qualificada e respaldada por documentação precisa.

Vale acompanhar de perto esse cenário. O Governo Federal, nas últimas semanas, anunciou a liberação de mais de R$ 42 bilhões em novas linhas de crédito direcionadas a setores estratégicos — um indicativo claro de que as oportunidades estão se ampliando e o momento é propício para empresas bem posicionadas darem o próximo passo.

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