O final de semana, em São Paulo, foi repleto de comemoração para os grupos que pedem o fim da exportação de animais vivos. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, recebeu das mãos de Denise Trolezi, ativista de grupo independente pelo fim das Exportações de Animais Vivos, carta que pede o fim desta atividade no Brasil.
O documento, que contém pareceres de duas veterinárias, Maria Eugênia Carretero e Magda Regina, e de um biólogo, Frank Alárcon, doutor em Bioética e Ética Aplicada, esclarece os extremos maus-tratos sofrido pelos animais nas viagens terrestres até os portos e, depois, nas viagens de quase um mês dentro da embarcação, onde milhares de animais são colocados, além dos imensos prejuízos causados ao meio ambiente.
Marina Silva esteve em São Paulo para a Convenção Municipal do Rede Sustentabilidade e o lançamento das pré-candidaturas. Ao receber os documentos, a ministra disse conhecer o assunto. Junto com a carta, foi um parecer da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), após inspeção no entorno do Porto de São Sebastião, que declara: “Por meio de inspeção técnica provocada por reclamações de mau cheiro em São Sebastião, a Cetesb descobriu que os dejetos dos embarques estão sendo lançados ao mar na área do porto, sem tratamento.”
E, durante outra convenção, a do PSOL, que também ocorreu no sábado, em São Paulo, a primeira-dama, Janja Silva, que acompanhava o presidente Lula (PT), pediu para sua assessora buscar um cartaz contra a exportação de animais vivos que uma ativista segurava, pois gostaria de usá-lo para um Stories no instagram.
Logo a placa foi devolvida junto com agradecimento e um cartão de visitas! O interesse da primeira-dama, conhecida por seu trabalho em favor dos animais foi entendido como excelente presságio. Neste ano, Reino Unido e Austrália baniram a exportação de animais vivos.
Em 2021, membros da Organização para Alimentos e Agricultura da ONU afirmaram, que o transporte de animais vivos favorece a propagação de doenças. Afinal, animais, de diferentes rebanhos, são confinados em ambientes estressantes, geralmente com pouca ventilação, facilitando o adoecimento. Durante a viagem, os animais não podem se deitar devido ao balanço da embarcação, e à lama que é formada por seus excrementos, embora o solo dos navios facilite quedas.
Este negócio, extremamente malvisto pelos defensores de animais em todo o Pais, exportou 582,2 mil bois em 2023, tendo aumentado em 298,9% se comparado ao ano anterior. Embora seja um comércio volumoso para os exportadores, não há qualquer benefício para o Governo brasileiro, já que este tipo de exportação está abrigada na Lei Kandir, que garante isenção de impostos para a exportação de produtos sem agregação de valor.
No 19 de julho, sexta-feira, O Ministério Público Federal já havia dado parecer favorável à manutenção da sentença proferida pela Justiça Federal contra a exportação de animais vivos em todos os portos do país. Entre outras coisas, o texto diz: “Assim, o mesmo Brasil que veda, inelutavelmente, práticas que submetam animais à crueldade, não pode permitir que milhares de bovinos sejam impensados em um navio para, após duas semanas de viagem marítima, em péssimas condições de alimentação, acondicionamento, higiene e sanitárias, serem enfim abatidos.
A 25ª Vara Federal havia proibido a atividade através de embarcações em portos de todo o Brasil, em abril do ano passado. A decisão foi o resultado de Ação Civil Pública movida pelo Fórum Animal, Mercy For Animals, e Conselho Federal de Medicina Veterinária, mas logo em seguida, o próprio TRF-3 (Tribunal Regional Federal) reformou a sentença. Agora, os ativistas, aguardam a decisão, em segunda instância muito mais animados, devido ao parecer do Ministério Público Federal.