O governador Jorginho Mello (PL) antecipou algumas mudanças da reforma do secretariado que pretende fazer na virado de seu primeiro ano de mandato. Em entrevista à CBN Floripa, na manhã desta sexta-feira, ele confirmou que o deputado estadual Sargento Lima (PL) será mesmo o novo secretário de Segurança Pública, no lugar do promotor Paulo Cesar Ramos de Oliveira. Sobre a escolha do filho Filipe Mello (PL) para a Casa Civil, disse que ainda precisa pesar as questões familiar e profissional.
Entrevistado por Raphael Faraco, Anderson Silva e Renato Igor, o governador chegou a dizer que Filipe Mello já seria o secretário da Casa Civil se não fosse seu filho. Segundo ele, existe apelo de deputados e outras lideranças para que seu filho seja confirmado na articulação política do governo – que muitas vezes já exerce informalmente. Segundo o governador, é preciso que Filipe entenda o peso de deixar as funções profissionais para ocupar uma vaga no governo do Estado.
– Eu sei as dificuldades que tem o político que é sério. Ele é um advogado bem sucedido, tem um escritório que ganha dinheiro. Quem me empresta dinheiro é ele, é o Bruno (Mello, dentista, também filho do governador). Faz um pixzinho de R$ 10 mil, de R$ 5 mil. Eu não tenho vergonha de dizer isso, porque eu vivo da política, fiz uma opção, eu casei com a política. Político que faz só política não tem ganhos. E eles são dois homens bem-sucedidos. O Bruno tem uma clínica belíssima, o Filipe é um bom advogado. Então, eu estou pesando isso porque eu quero que ele entenda bem que vai ter que abandonar isso tudo para ser político – afirmou o governador.
Não há impedimento legal para que Filipe Mello seja nomeado para o governo do pai. Desde 2008, o Supremo Tribunal Federal (STF) entende que familiares podem ocupar cargos de natureza política, como é o caso de um secretário de Estado. A lei lei anti-nepotismo seria aplicada para cargos de perfil técnico, como gerências e diretorias. Filipe foi secretário estadual em três pastas diferentes nos governos de Raimundo Colombo (PSD) – Planejamento, Articulação Internacional e de Turismo, Cultura e Esporte (a antiga SOL). Atuou como secretário também em Florianópolis nas gestões de Dário Berger (Planejamento) e Gean Loureiro (Casa Civil).
Questionado por Faraco se Filipe já estaria nomeado na Casa Civil se não fosse a questão familiar, Jorginho foi breve: “já estava lá”. Mesmo com as ponderações do governador na entrevista à CBN Floripa, a tendência é de que o filho assume a pasta no final do ano.
Jorginho também falou sobre a saída de um dos principais nomes de seu governo, Carmen Zanotto (Cidadania), secretária estadual de Saúde e deputada federal licenciada. Segundo ele, a aliada vive o dilema entre continuar na secretaria ou ser candidata a prefeita de Lages. Mas a própria de Jorginho mostra onde ele quer Carmen em 2023:
– Ela está com dois corações. Ela fez essa arrumação na Saúde, consolidou com o programa de valorização dos hospitais, as tabelas SUS, era o grande sonho dos hospitais. Eu estou falando para ela: você já cumpriu a missão, que era reestruturar a gestão da saúde em Santa Catarina. Lages quer que ela seja prefeita, pede. É uma reserva moral. Então, ela está com dois corações.
Jorginho garantiu que com a saída de Carmen, que deve acontecer apenas em abril de 2024, final do prazo legal de desincompatibilização dos secretários que desejam concorrer nas eleições municipais, a pasta será ocupada pelo atual secretário-adjunto Diogo Demarchi, uma escolha pessoal de Carmen.
Na entrevista, Jorginho também confirmou a saída do ex-deputado federal Coronel Armando (PL) do comando da Secretaria de Proteção e Defesa Civil e que ele deve ser substituído pelo atual comandante-geral do Corpo de Bombeiros Militar, Fabiano de Souza – de atuação destacada na combate aos efeitos das enchentes que Santa Catarina viveu nos últimos meses.
Jorginho Mello entrevistado por Raphael Faraco, Renato Igor e Anderson Silva no estúdio da CBN Floripa. Foto: Reprodução.