Julho Branco – mês do combate ao uso de drogas por crianças e adolescentes. Por Fernando Henrique

⁠Artigo de Fernando Henrique da Silveira, Presidente do Conselho Estadual de Entorpecentes de Santa Catarina – CONEN/SC.

Como vamos promover meios efetivos de combate ao uso de drogas, especialmente para crianças e adolescentes ?

O “Julho Branco” serve como meio de chamar a atenção da sociedade, gestores públicos, imprensa e demais entidades governamentais e não-governamentais para um problema que assola todas as famílias.

Para que possamos combater o consumo, precisaríamos colocar em prática, uma série de ações nas diversas áreas da sociedade, através de equipes multidisciplinares, com total apoio político, com investimentos pesados em diversas áreas, especialmente na educação.

Algumas medidas precisam ser colocadas em prática:

•⁠ ⁠Proibição de campanhas publicitárias relacionadas ao incentivo no consumo de bebidas alcoólicas;
•⁠ ⁠⁠Proibição do consumo de bebidas alcoólicas após determinado horário (o que diminuiria também o número de crimes, acidentes de trânsito, violência doméstica, etc);
•⁠ ⁠⁠Elevação nos impostos das bebidas alcoólicas;
•⁠ ⁠⁠Fortes campanhas de prevenção, nos locais de trabalho, entidades religiosas, clubes de serviço, etc;
•⁠ ⁠⁠Obrigatoriedade da criação de conselhos municipais de políticas sobre drogas;
•⁠ ⁠⁠Maior incentivo e ampliação em projetos como o PROERD, proporcionando o trabalho em todas as cidades do Estado;
•⁠ ⁠⁠Oferecimento aos acolhidos de um tratamento de qualidade, com psicólogo, assistente social, psiquiatra, local adequado, plano terapêutico, previsão de reinserção social, etc;
•⁠ ⁠⁠Possibilitar o contraturno nas escolas, com oferecimento de esporte, atividades literárias, culturais;
•⁠ ⁠⁠Aplicação de uma legislação rígida, sem tantos meios protelatórios, sem inúmeros recursos, garantindo para a atividade policial, efetividade nas operações, evitando o “prende e solta”;
•⁠ ⁠⁠Maior fiscalização em relação ao tráfico de drogas, com maior efetivo policial, valorização dos rendimentos, garantias administrativas e jurídicas na atuação profissional, integração nos sistemas de informação/inteligência entre as diferentes policiais, bem como entre todos os estados.

Poderíamos replicar aqui dezenas de medidas que são sugeridas por diversas instituições e especialistas renomados, que buscam combater às drogas, no entanto, nenhuma medida se efetivará sem vontade política. E como vamos ter vontade política, enquanto em alguns lugares, dizem, que políticos recebem apoio do tráfico para suas campanhas eleitorais ?

A sociedade precisa enfrentar o problema em conjunto, com ações integradas.

Os governos estaduais precisam criar Diretorias ou Secretarias-Executivas de Políticas sobre Drogas, escolhendo para os cargos, pessoas que verdadeiramente conhecem a temática, evitado que os cargos sejam ocupados por cabos eleitorais, sem formação adequada.

Fazer com que a “cultura” dos pais acharem que os filhos irem comprar uma “bebidinha” na esquina não tem problema. Fazer com que os pais não ofereçam aos filhos, bebidas alcoólicas, para provar, sentir o gosto encostando o copo nos lábios da criança, como meio de “falsamente” estarem preparando os filhos para serem “homem de verdade”. Ora, homens de verdade precisam gostar de bebida alcoólica ?

Exigir que os conselheiros indicados pelas entidades governamentais e não-governamentais, para ocuparem assento nos Conselhos, sejam municipais ou estaduais, possam ser incentivados a participar das reuniões e demais ações, por ser um serviço de máxima relevância e interesse público.

A população precisa também saber que o dependente químico, não é um “vagabundo”, “desocupado”, “malandro”, que estão vivendo uma situação dificílima de sair sem ajuda especializada. Que o poder público precisa entender que o dependente químico não está apenas nas ruas, como morador de rua, o dependente químico eata em todo lugar, independente de classe social, acadêmica, profissional, etc.

Infelizmente, o que alguns gestores querem ver, tentam resolver, diz respeito apenas “aqueles” dependentes que estão no caminho das “pessoas de bem”, que estão “incomodando” nas calçadas e marquises, atrapalhando o turismo.

E os dependentes químicos que estão causando violência doméstica ? Que estão nas salas de aula ? Que estão no trânsito ? Que estão nas festas badaladas ?

Se os gestores das prefeituras próximas não conversarem, se os governos estaduais não conversarem, se o governo federal não criar meios de debater, verdadeiramente, o combate às drogas, a situação vai continuar destruindo famílias, causando evasão escolar, ocorrendo o aumento da criminalidade, prisões e mortes.

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