Após conclusão do Pronampe Emergencial, Kleinübing projeta novas ações do BRDE

João Paulo Kleinübing projeta ações no BRDE

Umas das principais promessas de campanha do governador Jorginho Mello (PL) teve que sair do papel de forma emergencial. A criação de um programa de crédito subsdiado para micro e pequenas empresas aos moldes do Pronampe realizado pelo governo federal durante a pandemia foi prometida pelo então candidato em 2022 e foi deflagrada como forma de ajudar os empreendedores de municípios atingidos pelas cheias de 2023.

Essa etapa foi vencida com sucesso. Após pouco mais de três semanas do lançamento do Pronampe Emergencial SC, o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) alcançou a meta de empréstimos contratados, financiando R$ 140 milhões, com recursos para 1.083 empreendedores em 87 municípios afetados pelas enchentes de outubro e novembro do ano passado. 

Além dos prazos de pagamento e carência estendidos pelo banco, o Governo de Santa Catarina subsidiou 50% e 100% da taxa de juros nos municípios com decreto de emergência ou estado de calamidade pública, respectivamente.

Entre as regiões com maior volume de contratações do Pronampe Emergencial SC, estão o Vale do Itajaí com R$ 81,9 milhões, o que corresponde a cerca de 58% dos recursos contratados (631 empresas); na sequência a região Oeste com R$ 44,2 milhões (332 empresas) alcançando 31,5% do total financiado; seguido das regiões Sul com R$ 5,5 milhões (49 empresas); Serrana com R$ 4,5 milhões contratados (38 empresas); Norte catarinense com R$ 3,8 milhões (29 empresas) e Grande Florianópolis com uma empresa beneficiada.

O governador Jorginho Mello ressaltou a importância da iniciativa para minimizar os efeitos econômicos e sociais e preservar os níveis de emprego e renda nas regiões afetadas.

– Quem teve prejuízo tinha pressa no crédito e nós conseguimos fazer. O dinheiro chegou rápido para os empresários que precisavam de capital para voltar a trabalhar – mencionou.

Em entrevista ao upiara.net, o presidente do BRDE, João Paulo Kleinübing falou sobre esse ensaio emergencial do Pronampe e as perspectivas para implantação este ano do modelo regular do programa – através das coorperativas de crédito e diretamente com o BRDE, via aplicativo.

Um dos nomes cotados para disputar a prefeitura de Blumenau, Kleinübing também falou, brevemente sobre o assunto. Ainda sem filiação desde que deixou o União Brasil, o ex-prefeito e ex-deputado federal está à disposição do PL do governador Jorginho Mello, mas mantém-se discreto.

Leia a íntegra da entrevista:

O Pronampe foi uma promessa de campanha do governador Jorginho Mello (PL), que, sem trocadilho, acabou saindo do papel de forma emergencial. Como avalia a experiência?

Saiu de forma emergencial infelizmente por conta das cheias de Santa Catarina no ano passado. Conseguimos, em torno de três semanas, operacionalizar todo o programa. Foram mais de R$ 140 milhões que foram disponibilizados para municípios em situação de calamidade, de emergência. Na situação de calamidade, com todo o juro pago pelo Governo do Estado. Nas de emergência, com 50%, que vai significar um subsídio na ordem de R$ 41 milhões, aproximadamente. Isso só foi possível graças à parceria que o BRDE tem com as cooperativas de crédito.

Como foi essa experiência? O governador já falava na campanha de usar as cooperativas de crédito fazendo o papel que era do antigo BESC, para capilarizar, para chegar na ponta. Funcionou bem?

Funcionou muito bem. O BRDE tem um histórico de trabalho com as cooperativas nesta natureza. Já temos convênios com as principais cooperativas do Estado, e no programa emergencial, foram fundamentais. Graças a isso conseguimos, em três semanas, chegar a 87 municípios do Estado e disponibilizar R$ 140 milhões em 1.040 contratos.

Agora há o desafio do Pronampe regular, não emergencial.

Agora estamos trabalhando na próxima fase, que é o Pronampe permanente, que também é um compromisso do governador Jorginho Mello. Vai ter algumas características semelhantes, como metade dos juros pagos pelo Governo do Estado. Tem alguns critérios adicionais, no sentido de privilegiar os municípios com menor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), que têm mais dificuldades de acessar crédito, e com problemas específicos que o Governo do Estado entenda que são prioritários. Não é simplesmente disponibilizar o recurso, mas vincular a determinados programas do governo, nos alinhando ainda mais à estratégia de desenvolvimento de Santa Catarina. Estamos preparando três grandes ações de apoio às micro e pequenas empresas e facilitação de crédito. O Pronampe é um deles, nós temos outra ação que é fundo de aval para o Sebrae nacional. Seria um fundo de R$ 100 milhões, com recurso nosso e do Sebrae, que locaria R$ 1,2 bilhão em operações.

Nessa articulação que envolve BRDE e Sebrar, é boa a conversa com o adversário Décio Lima (PT), presidente da entidade?

É boa, sim. Eu estive conversando com o presidente Décio Lima no ano passado, a gente tem avançado nessa direção. Acho que nossas diferenças políticas ficam para outro momento. Nosso papel, de todos nós, é atender Santa Catarina da melhor maneira possível. Esses recursos seriam para os três Estados do Sul, e a ideia é disponibilizá-los para operações do BRDE, do Badesc, das cooperativas, enfim. De corrigir o que é o grande desafio do microempresário, que é tomar crédito e não ter garantia para poder oferecer. Um fundo de aval nada mais é do que um seguro para estas operações. A outra ação é nossa plataforma de acesso direto a crédito. Em março, faremos o lançamento da nossa plataforma de acesso direto, será quase um BRDE Fintech.

Empréstimo do BRDE via aplicativo?

Será um aplicativo, você vai poder acessar crédito diretamente, com toda a análise automatizada. Também com operações de pequeno valor.

Pequeno valor em que faixa?

Deve ficar algo semelhante ao que foi a operação do Pronampe, em torno de R$ 150 mil a 200 mil aproximadamente.

E aí não precisa dessa intermediação com cooperativas?

Não, seria outra forma de chegar com acesso direto.

Botar o BRDE na rua é uma das metas?

É, sim, essa aproximação. Ainda se tem a imagem do BRDE como um banco muito distante das pessoas. Estamos mais presentes no dia a dia das pessoas do que elas imaginam, com nossas ações. Somos o maior financiador do sistema cooperativo, agropecuário de Santa Catarina, temos a presença de boa parte dos investimentos que são feitos aqui no Estado. No ano passado, tivemos um ano extraordinário no ponto de vista de volume de operação, nós partimos de R$ 2 bilhões disponibilizados, isso dá 65% a mais do que em 2022. Isso demonstra a força do BRDE naquilo que podemos fazer. Mas nosso desafio é ir além da prestação de contas a partir do crédito. Nosso papel também é como agentes de promoção de desenvolvimento, da redução da desigualdade, e nos alinharmos cada vez mais com a política de desenvolvimento de nossos estados.

Na questão política, João Paulo Kleinübing pode ser candidato a prefeito de Blumenau mais uma vez?

Hoje eu cumpro minha missão aqui no banco. Te digo que eu vou continuar participando do processo político. Como candidato, depende da circunstância.


João Paulo Kleinübing. Foto: Roberto Zacarias, Secom-SC.

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