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8 de setembro de 2024

O drible de LHS em um pedido de dinheiro para campanha de Dário

O drible de Luiz Henrique no pedido de recursos para a campanha de Dário na interpretação de Galvão Bertazzi

Em 2008, Dário Berger migrou para o PMDB (hoje MDB) e disputou a reeleição à Prefeitura de Florianópolis. Ele foi eleito pela primeira vez em 2004, pelo PSDB. Antes havia sido prefeito de São José, por dois mandatos, ambos eleitos pelo extinto PFL.

No PMDB, Dário recebeu o apoio do governador Luiz Henrique da Silveira (PMDB), que já estava em seu segundo mandato. Montou uma coligação com João Batista Nunes, então no PR (hoje PL), como candidato a vice e reuniu mais uma série de pequenos partidos.

Se a eleição de 2004 pareceu fácil, enfrentando Chiquinho de Assis (PP), em 2008 as coisas pareciam mais difíceis pois o adversário era nada menos que Esperidião Amin (PP), queimado com duas derrotas sucessivas ao governo do Estado (2002 e 2006), ambas para Luiz Henrique. Recuperar o poder na Capital era questão de honra para a família Amin.

Assim que o pleito se aproximava, como ocorre na maioria das campanhas eleitorais, faltou dinheiro. A produtora de TV ameaçou parar de gravar os programas caso os pagamentos não fossem colocados em dia. Com o caixa vazio, o negócio foi apelar para o governador Luiz Henrique.

O ex-deputado Mário Cavallazzi e o engenheiro Válter Gallina eram coordenadores da campanha de Berger e foram escalados para falar com Luiz Henrique. Foram recebidos em um café da manhã na Casa d’Agronômica.

Cavallazzi, com longo histórico de parcerias políticas com a família Amin, era cristão-novo entre os peemedebistas e permaneceu a maior parte do tempo em silêncio. Coube a Gallina, que inclusive era o secretário regional da Grande Florianópolis, explicar a situação da falta de grana na campanha e do auxílio imediato que precisavam.

Luiz Henrique ouviu atentamente e falou com tranquilidade:

Procurem o Dalmo, ele vai resolver isso pra vocês. Já falei com ele – disse o governador.

Gallina e Cavallazzi perceberam que o tempo com o governador estava no fim, agradeceram o café e saíram da Casa d’Agronômica. Quando chegaram no estacionamento, Cavallazzi perguntou para o Gallina:

Quem é o Dalmo? Você conhece? – questionou Cavalazzi.

Eu não conheço, pensei que você conhecia – devolveu Gallina, espantado.

Você, que é mais íntimo, vai voltar e perguntar ao governador quem é o Dalmo – sentenciou Cavallazzi.

Gallina voltou ao interior da Casa d’Agronômica e ainda teve tempo de perguntar ao governador quem era o Dalmo, antes que ele começasse a próxima audiência.

O Dalmo, irmão do Dário – respondeu o governador.

Luiz Henrique se referia ao empresário Dilmo Berger, responsável pelas empresas da família com quem, segundo ele, havia conversado para resolver os perrengues da campanha.

Ou seja: Gallina e Cavallazzi chegaram de mãos abanando e saíram de mãos vazias do encontro com o governador. O dinheiro, certamente apareceu porque em campanhas vitoriosas não falta dinheiro. Dário Berger foi ao segundo turno com 39,8% dos votos e Amin chegou em segundo lugar com 25,3%.

No segundo turno, vitória fácil de Dário Berger com 57,7% a 43,3%, com mais de 35 mil votos de diferença. Amin não absorveu a terceira derrota seguida e foi ao TSE denunciar Berger por ser prefeito itinerante. Ou seja: disputar e vencer quatro eleições de prefeito em seguida.

Amin acabou perdendo também no TSE e Dário Berger concluiu seu mandato, em 31 de dezembro de 2012, e acabou entrando para a história como o único prefeito a administrar por duas vezes consecutivas São José e Florianópolis.

Antes de mudar o domicílio ele havia feito uma consulta ao TRE-SC e recebeu resposta positiva da corte catarinense. Por isso, no seu relatório, a ministra Carmem Lúcia votou para que ele não perdesse o mandato, sustentando que não houve má fé.

Só por curiosidade, no TSE o processo foi de quatro votos a três favorável a Dário Berger e o ministro que votou pelo desempate foi Ricardo Lewandowski, escolhido agora por Lula para ser ministro da Justiça.



Ilustração – O drible de Luiz Henrique no pedido de recursos para a campanha de Dário na interpretação de Galvão Bertazzi.

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