
Se há pouco mais de uma semana, noticiamos indicadores positivos na queda dos registros de feminicídio, hoje lamentamos a ocorrência de novos casos.
Em menos de sete dias, seis crimes de feminicídio foram registrados em Santa Catarina. Números estarrecedores de uma violência que poderia ser evitada com prevenção e enfrentamento. Números que envergonham e que assustam pela recorrência que persiste.
O feminicídio é a última instância da violência contra as mulheres. Outros crimes contra elas são registrados diariamente, chegando a assustadora média de 8,31 por hora, quase 200 por dia, segundo dados do Observatório da Violência Contra a Mulher.
Rosemary Martins, 59 anos, de Penha; Tatiane Kurth Cipriani, 24 anos, de Rodeio; Sandra Raquel Nolli, 51 anos, de Rio do Sul; Olga Bohn, 56 anos, de Gaspar; Giovanna schmidhauser Schwarzbach, 23 anos, de Bombinhas; e Lisete Sulzbacher, 61 anos, de Florianópolis; são as últimas vítimas a compor as estatísticas do feminicídio. Mas elas não são números: são histórias interrompidas e famílias destruídas. Elas são o reflexo de um sistema que voltou a falhar.
Violência onde o assunto deveria ser defesa e prevenção
E enquanto os crimes aumentam, a violência contra a mulher também invade espaços públicos e políticos. Onde deveria haver exemplo e resposta, há vergonha.
Em Lages, o vice-prefeito Jair Junior segue no exercício do cargo, embora seja réu no processo penal de violência doméstica contra uma ex-namorada. Lamentavelmente, a legislação garante a Jair a manutenção do mandato.
Na última sexta-feira, na Câmara de Vereadores de Anitápolis, onde legisladores deveriam propor ações de enfrentamento e prevenção à violência contra a mulher, a vereadora Marcelli Mates (Podemos), atual presidente, afirmou ter sido vítima de agressão física e verbal por parte do também vereador Salésio Effting (MDB), durante o exercício de suas funções no Legislativo municipal.
O vereador nega o fato e afirma que sofreu arranhões por parte de Marcelli, que teria tentando pegar o seu celular.
O episódio foi registrado em boletim de ocorrência na Delegacia de Polícia Civil de Anitápolis no dia 1º de agosto. Segundo relatos da vereadora, o colega chegou à Câmara com um documento em mãos e exigiu que fosse protocolado. Ao ser informado de que o material não poderia ser recebido naquele momento – por não estar em conformidade com os trâmites regimentais –, Salésio se exaltou, passou a proferir ameaças e agrediu Marcelli com um tapa no braço.
Marcelli garante que a agressão foi presenciada por uma assessora parlamentar e gerou indignação entre os servidores e representantes da Prefeitura presentes no local. A Polícia Civil tipificou o episódio como lesão corporal leve dolosa e ameaça.
A denúncia formal contra Salésio Effting foi também protocolada na Câmara Municipal.