Por Maurício Locks
O jornalismo investigativo passou por algumas intercorrências na última década, levado pelo repetitivo ‘apelo popular’. A onda de pressão em cima de algumas pautas fez com que o jornalismo não questionasse algumas narrativas e, o maior exemplo recente, a Lava-Jato, e até pelo privilégio da informação, vinda muitas vezes de fonte estatal, fez com que o jornalismo não verificasse todos os pontos.
Esse erro de apuração levou a intitulada maior operação de combate à corrupção do país a naufragar nos tribunais. E como funcionava: a assessoria vazava informações e documentos para alguns dos principais jornalistas do país, que, na ânsia de publicar antes da concorrência, deixavam muitas vezes de lado os princípios básicos do jornalismo, que é verificar os fatos.
Afinal, eram fontes ligadas à Justiça Federal vazando documentos oficiais. Prática comum no jornalismo, a compra da versão oficial em detrimento de fontes de menor projeção tem levado o jornalismo a reproduzir claras injustiças.
A polícia erra, a Justiça erra, mas quando ninguém contesta, quem fica ao lado da injustiça? A reprodução do erro em sequência que o jornalismo tem compactuado é o prato cheio para o assassinato de reputações. A polícia ou a Justiça vazam, mas quando a imprensa erra, quem repara esse erro? Os fãs clubes se automutilam com o denuncismo praticado e a falta de um adulto na sala faz com que a prática continue.
Quando é do meu inimigo é comemorado, mas quando é do meu aliado eu vou para as redes gritar que é perseguição. Mas quando é que o jornalismo vai assumir seus erros e parar de dar palco para órgãos de Estado que são usados para interesses políticos?
Maurício Locks é jornalista e secretário de Comunicação da prefeitura de São José.