Por Maurício Locks
Que o WhatsApp é o maior propagador de informação na atualidade, não há dúvida. Mas essa informação compartilhada no aplicativo é, em sua totalidade, produzida fora dele, seja por algum veículo da imprensa, seja por indivíduos ou grupos com interesses próprios. É nessa dimensão da informação que a televisão perdeu protagonismo.
No âmbito da comunicação institucional já é possível observar essa ampliação no número de pontos de atenção, antes compostos somente por veículos tradicionais. Agora, temos a necessidade de considerar como atores desse jogo os perfis e influenciadores.
Essa competição também acontece no período eleitoral, de um lado temos a propaganda eleitoral na televisão e de outro os vídeos virais nas redes sociais disputando a atenção dos eleitores.
Na eleição de 2018, tivemos um exemplo claro dessa disputa. Tínhamos um candidato que possuía um curtíssimo tempo de televisão, fato que era julgado por analistas na época como determinante para não se alcançar os votos necessários para a vitória. Do outro lado, um candidato de um dos maiores partidos naquele momento e, por isso, com muito mais tempo de televisão, segundo as regras da legislação eleitoral.
O caso do ex-presidente Jair Bolsonaro nos fez questionar por que, em vez de focar só no horário eleitoral, não ocupamos todos os espaços?
Há quase um ano e meio, Bolsonaro deixou de ser presidente da República, mas continua sendo protagonista do noticiário eleitoral. Ele ocupa todo espaço disponível e quase o tempo todo, e a política analógica assiste atônita, sem perceber que está sendo engolida.
Se o Lulismo ajudou a criar o Bolsonaro, o petismo atônito assiste o bolsonarismo ser o único difusor de informações políticas. E isso é positivo para o PT. Esse antagonismo proporciona dividendos nessa “bolha” que só cresce.
Enquanto o PT assiste e o Bolsonaro viaja pelo país, o processo eleitoral se aproxima e mais uma vez os coaches políticos ressurgem. Camisa azul, fundo limpo e tom sereno. O pacote completo muitas vezes é milionário, mas e o resultado? Essa estratégia virou aposta, já que o resultado só vem quando o candidato já é o favorito.
Se o político ainda conta que o tempo de TV vai levantar voo, esqueça.
Sem o bom tripé da articulação política, da mobilização e da rede social aquecida, não serão os 45 dias de TV que vão te salvar. Qual é o termômetro? A boa e velha rede social. Não é o diagnóstico final, mas é o ponto de atenção para uma boa campanha.
Os políticos desavisados continuam cometendo o mesmo erro, comprando bons vinhos e, neste caso, vinhos caros, sem se ater se têm taça de cristal. Vale servir um bom vinho num copo plástico? Para um candidato sem sal, não adianta boa maquiagem, tem que ter apelo, senão será esquecido.
Whatsapp é meio, não é nem a origem nem o fim da informação.
Maurício Locks é jornalista e secretário de Comunicação de São José.