Medalha de ouro: catarinenses em destaque no Concurso Nacional de Espumantes

Santa Catarina brilhou entre as taças premiadas do país. Foram 10 espumantes catarinenses que receberam medalhas no 14º Concurso do Espumante Brasileiro, promovido pela ABE (Associação Brasileira de Enologia), cujo resultado foi divulgado na última semana. Um grande feito, vamos combinar.

Mas antes de celebrar esse resultado, deixa eu te contar o que significa estampar uma medalha no rótulo.

Em premiações como essa, todos os rótulos que atingem determinada pontuação dentro de um sistema de avaliação padronizado levam medalhas. A Medalha de Ouro, por exemplo, vai para todos os vinhos que atingem entre 90 e 93 pontos. Já a Grande Medalha de Ouro é dada a quem passa dos 94 pontos. Isso quer dizer que, em um mesmo concurso, dezenas de vinhos ganham “ouro” ao mesmo tempo – ou seja, ninguém está, tecnicamente, em primeiro lugar.

Outro ponto importante: só participa do concurso quem envia amostra. Foram 520 espumantes inscritos, de seis estados brasileiros. Um número impressionante, sem dúvida. Mas já elimina da disputa centenas de outros bons vinhos que simplesmente não quiseram ou não puderam participar, por escolha estratégica, limitação de estoque, falta de interesse ou mesmo resistência à ideia de que qualidade se mede por pontuação.

E tem mais: as degustações são feitas às cegas por um corpo técnico de jurados formado por sommeliers, enólogos e especialistas. Gente qualificada, claro. Mas aqui também entra um ponto para se pensar: o paladar do júri técnico nem sempre representa o paladar do consumidor médio – aquele que compra o vinho pra abrir num sábado à noite com pizza, e não pra fazer planilha sensorial de acidez e perlage.

Mas calma, não estou aqui pra dizer que medalhas não servem pra nada. Ao contrário: elas podem, sim, ser um indicativo de qualidade, especialmente quando o concurso é bem organizado, transparente e segue critérios internacionais de avaliação — como é o caso deste, organizado pela ABE seguindo normas da Organização Internacional do Vinho (OIV). Mas medalha não é carimbo de superioridade. 

Dito isso, vamos brindar ao que interessa: os espumantes catarinenses que voltaram do concurso com medalhas:

Grande Medalha de Ouro para SC (acima de 94 pontos)

Santa Catarina garantiu dois rótulos entre os 15 únicos do país a receber a mais alta distinção do concurso:

  • Abreu Garcia Festividad Espumante Brut Branco 2022, da Abreu Garcia Vinhos e Vinhedos de Altitude (Campo Belo do Sul)
  • Quinta da Neve Espumante Nature Blanc de Blanc, da Quinta da Neve Vinhos Finos (São Joaquim)

Medalhas de Ouro (90 a 93 pontos)

  • Ársego Espumante Nature Branco, da Arsego Vinhos Nobres (Chapecó)
  • Villa Francioni Espumante Nature, da clássica Villa Francioni (São Joaquim)
  • Panceri Espumante Moscatel, da Vinícola Panceri (Tangará)
  • Panceri Espumante Brut, da Vinícola Panceri (Tangará)
  • Brut Edição Especial 30 Anos, da Vinícola Panceri (Tangará)
  • Doradus Champenoise Nature Sur Lie 2012, da Pericó (São Joaquim)
  • Vinte Vinte Champenoise Nature 2020, da Pericó (São Joaquim)
  • Thera Auguri Extra Brut, da Vinícola Thera (Bom Retiro)

Só nesta lista, temos moscatel, brut e nature, com uvas variadas, estilos distintos e propostas bem diferentes. E o mais surpreendente para mim: regiões fora do óbvio para vinhos finos, como Chapecó e Tangará, garantindo espaço. 

Se algum desses espumantes catarinenses cruzar o seu caminho, aproveite a chance de brindar com algo que já passou pelo crivo de especialistas, além de incentivar e fortalecer a produção do nosso estado

E se gostar, parabéns: você acabou de dar a sua própria medalha de ouro.

Tim tim!


Beatriz Cavenaghi é jornalista, doutora em Gestão do Conhecimento pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e sommelière pela Associação Brasileira de Sommeliers (ABS-SC). @beacavenaghi no Instagram

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