Alesio dos Passos Santos escreve artigo sobre a importância das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICs) e o uso de plantas medicinais para a prevenção e tratamento de doenças, promovendo um cuidado mais natural e holístico. O autor defende a integração entre a sabedoria popular e o conhecimento científico para melhorar a saúde pública no Brasil.
Neste mês do Setembro Amarelo, dedicado a questões relacionadas à saúde mental, eu diria que a principal doença do mundo moderno é emocional, espiritual. Às vezes, o que está doente é a nossa alma e não o nosso corpo físico e temos plantas e Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICs) maravilhosas para nos auxiliar.
Muitas pessoas tornam-se dependentes do remédio químico, que possui princípio ativo isolado, concentrado, sintetizado. Já uma planta apresenta princípios ativos em sinergia, ou seja, diferentes compostos que interagem entre si.
Lamentavelmente a formação acadêmica é submetida aos laboratórios e é direcionada para vender remédios.
Em muitos casos em que os pacientes estão alienados aos remédios químicos, com acompanhamento médico podem realizar um desmame usando plantas seguras, com eficácia comprovada pela ciência e pelo uso popular.
Tenho me dedicado a mostrar como se pode melhorar a saúde e a qualidade de vida através da “medicina da simplicidade” utilizando ervas que geralmente estão ao lado ou próximas de nossas casas e práticas terapêuticas tradicionais para a prevenção e o tratamento de doenças.
Antigamente todos se curavam com plantas medicinais, os próprios médicos as usavam junto com a medicina das palavras realizada pelas benzedeiras, hábitos que foram se perdendo.
É preciso casar a sabedoria popular com o saber científico. Nenhum dos dois tem razão completa e a união de ambos chega mais perto da verdade. No Brasil temos a maior biodiversidade do mundo de plantas medicinais, mas há pouca pesquisa. Na famacopeia no Brasil, a maioria é da medicina européia e asiática.
O resgate dos saberes ancestrais aplicados junto às PICs no SUS é o caminho para termos uma sociedade menos doente. As PICs contribuem para a ampliação do modelo de saúde, pois atendem o paciente na sua integralidade, singularidade e complexidade, considerando sua inserção sociocultural e fortalecendo a relação do profissional com o indivíduo, o que contribui para a humanização na atenção primária. Temos 29 práticas recomendadas pelo Ministério da Saúde, como a acupuntura, homeopatia, yoga, fitoterapia e massoterapia.
Este novo olhar proporcionado pelas PICs no SUS está modificando o conceito de saúde, porque chega antes da doença. Depois que a gente está doente, achar o caminho da saúde é difícil. Se a gente pensa que gastar com saúde preventiva é caro, gastar com doença é muito mais.
Alesio dos Passos Santos é professor, ambientalista e colecionador de plantas medicinais. É candidato a vereador em Florianópolis nas eleições deste ano.