Menopausa: quando uma etapa da vida pede menos silêncio e mais verdade. Por Marlene Fengler

Artigo de Marlene Fengler, Secretária-Geral da ALESC

Há temas que sempre circulam pela vida das mulheres de maneira discreta demais, quase como se não devessem existir. A menopausa é um dos mais simbólicos. Mesmo sendo uma fase natural e universal das mulheres, ela ainda é envolta em silêncio, equívocos e uma dose de constrangimento que não combina com a importância que tem para a saúde e para o bem-estar feminino.

Esse tabu ainda tão presente, é um peso que muitas carregam. O Brasil tem mais de 30 milhões de mulheres entre 45 e 65 anos vivendo a transição do climatério e da menopausa. Segundo a Sociedade Brasileira de Climatério, cerca de 80% enfrentam sintomas moderados ou intensos, mas uma parcela significativa segue sem orientação adequada. Quando falta informação, sobram dúvidas e cada mulher acaba tentando decifrar sozinha sinais ou sintomas que poderiam ser compreendidos com muito mais tranquilidade.

Eu também precisei de tempo para entender o que estava acontecendo comigo. Aqueles calores repentinos que pareciam não ter explicação, as noites que o sono desaparecia, a irritação que chegava do nada, os lapsos de memória e até um zumbido no ouvido e uma ardência na boca que não faziam sentido. Achei que era cansaço, estresse, mas a verdade era mais simples e comum: apenas o meu corpo indicando que um novo ciclo havia começado. E, quando esse entendimento chega, muita coisa se reorganiza, o medo tende a se acomodar e a gente sente que a vida segue, não da mesma forma, mas ainda cheia de perspectivas e novos ângulos.

Foi a partir desse olhar mais amplo e da necessidade de compartilhar essas experiências tão únicas que criei o Movimento Mulheres: um espaço para conversas francas, acolhedoras e necessárias sobre tudo aquilo que atravessa as nossas jornadas. No primeiro encontro, falamos de longevidade e etarismo, e foi incrível perceber como cada história encontra eco em outras vivências. Agora, escolhemos avançar para um tema que acompanha todas nós, mas ainda ocupa pouco espaço no debate público: a menopausa.

No dia 4 de dezembro, às 18h30, no Auditório Black Office (Avenida Santa Catarina, 1.197 – Estreito), vamos realizar a segunda edição do Movimento Mulheres. Será um encontro com especialistas, informação qualificada e um ambiente preparado para que cada mulher se sinta segura para perguntar, compartilhar e, sobretudo, compreender melhor essa fase. 

Mais do que um evento, é um gesto de cuidado que a cada dia percebo o quanto é necessário. Quando falamos abertamente sobre a menopausa, abrimos espaço para que essa etapa seja vivida com dignidade, autonomia e leveza. Nenhuma mulher precisa atravessar esse período no improviso ou em silêncio, porque a informação correta também é liberdade.

É isso que queremos construir juntas: um caminho em que o conhecimento acolhe, a troca fortalece e cada mulher reconhece que não está sozinha. O silêncio já foi longo demais.

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