Mobilidade urbana precisa de soluções inteligentes. Por Rafael Hahne

Rafael Hahne escreve artigo sobre os desafios de mobilidade urbana enfrentados por Florianópolis, destacando o crescimento populacional e o aumento do uso de transporte individual.

A mobilidade é uma problemática que afeta todo o país, reflexo, principalmente, do processo acelerado de urbanização e crescimento das cidades, além é claro, do aumento do uso do transporte individual. Como uma cidade em pleno crescimento, Floripa foi a Capital que mais aumentou a sua população segundo o censo divulgado recentemente e também enfrenta desafios na mobilidade urbana.

A capital do Estado tem quase 220 mil veículos em circulação, além de receber diariamente trabalhadores das cidades próximas. No último verão, por exemplo, recebeu ainda cerca de 2 milhões de turistas, mais um fator de pressão para a mobilidade urbana de uma ilha que tem mais de 55% de Áreas de Preservação Permanente em seu território e grandes limitações para expansão da sua infraestrutura existente.

Por isso, a gestão municipal precisa encontrar soluções inteligentes, investir no transporte público eficiente e também em grandes obras de engenharia, para garantir uma adequada fluidez do trânsito, com segurança também para pedestres e ciclistas. Essa tarefa não é fácil, mas Floripa já sente o retorno de investimentos e projetos voltados para a melhoria da mobilidade urbana.

Há mais de um ano, a região do Pantanal – Carvoeira, ganhou uma nova opção de tráfego. O binário foi fruto de diversos estudos dos técnicos da Secretaria de Transportes e Infraestrutura em parceria com o Planejamento Urbano, que identificaram as possibilidades de melhoria. Um ano depois, o trânsito flui tão bem que nos vem sendo demandadas adequação da sinalização, com a implantação de elementos para organizar a velocidade no local, como a faixa elevada executada recentemente. Identificamos diminuição do tempo de percurso nas linhas de ônibus de toda a região, mesmo aquelas que nem utilizam o trecho do binário. A conexão do TITRI ao TICEN, por exemplo, teve sua média de percurso diminuída em 10 minutos (de 34 min para 24 min).

A Lagoa da Conceição também ganhou um binário, inaugurado em dezembro do ano passado. A mudança, que envolveu a abertura de uma nova via paralela à Avenida das Rendeiras, é mais um exemplo que deu certo na mobilidade da capital, com a diminuição em até 15 minutos de percurso nos ônibus durante o verão, em uma das regiões mais conhecidas e frequentadas por turistas. Estamos construindo
também outras alternativas na Lagoa da Conceição, a nova Ponte da Lagoa, aguardada há décadas pela comunidade, e que deve estar totalmente finalizada no início de 2025.


Recentemente, implementamos o Centro de Operações Integradas de Trânsito para melhorar a capacidade de captar as informações e diminuir os tempos de resposta nos casos de algum incidente que prejudique a sensível mobilidade de nossa cidade. Além da modernização semafórica através de uma central de controle, das mais de 500 câmeras de monitoramento, da integração com a operação do sistema de transporte coletivo e do apoio da Guarda Municipal, temos uma parceria com o
Waze for Cities para permitir uma melhora significativa na experiência do cidadão. Nesse contexto, a meta agora é buscar a inclusão dos demais atores nesse processo (seja da esfera federal, estadual, entidades, …) para possibilitar a ampliação dessa capacidade de atendimento tão importante para desafogar os gargalos da mobilidade urbana.

Nos últimos tempos, essas ações têm sido facilmente notadas por todos. Temos muito ainda a desenvolver, por isso, buscamos investimentos importantes para obras de infraestrutura urbana, seja junto ao Governo Federal ou a Instituições Internacionais. Florianópolis está na direção certa: valorizando o transporte coletivo, focando em calçadas para pedestres e rotas cicloviárias seguras, diversificando a micromobilidade com as bikes e patinetes elétricos, desenvolvendo ações imediatas para melhorar a condição de mobilidade, modernizando e integrando os sistemas de controle da cidade de uma forma inteligente e ainda preparando a execução de obras estruturantes em nosso município. A capital do Estado terá, em breve, ainda mais argumentos para continuar sendo referência nacional, agora também no tema mobilidade.


Rafael Hahne é secretário de Transportes e Infraestrutura de Florianópolis.

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