Artigo de Vitor Dias, Vereador de Palhoça

O Morro dos Cavalos, em Palhoça, segue sendo um dos maiores gargalos da BR-101 em Santa Catarina e símbolo de uma obra inacabada que há anos compromete a segurança e a mobilidade de milhares de motoristas. Com um histórico de acidentes graves, o episódio mais recente ocorreu em abril deste ano, quando o tombamento e explosão de um caminhão-tanque provocaram um incêndio que destruiu dezenas de veículos, deixou feridos e interditou totalmente a rodovia por mais de 15 horas, evidenciando a vulnerabilidade da via e a falta de alternativas de desvio.
A busca por uma solução definitiva mobiliza há anos autoridades, entidades e usuários. Atualmente, três propostas estão sobre a mesa: a construção de um túnel duplo, defendida por entidades como a FIESC por representar uma solução definitiva de segurança e fluidez, mas com custo elevado; um túnel simples, opção intermediária com investimento menor; e a alternativa mais recente e financeiramente viável, um contorno viário de 5,2 quilômetros que aproveitaria a pista atual para o sentido norte e criaria uma nova via para o sentido sul, orçado em cerca de R$ 291 milhões — até quatro vezes mais barato que o túnel.
O governo do Estado defende a execução do contorno e já apresentou o projeto ao ministro dos Transportes, Renan Filho, pleiteando que recursos estaduais aplicados em rodovias federais sejam revertidos para viabilizar a obra. A bancada catarinense no Congresso também definiu o Morro dos Cavalos como prioridade máxima, articulando junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) e à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para incluir a intervenção no contrato da CCR ViaSul, concessionária que administra parte da BR-101 e teria mais condições de executar o empreendimento com agilidade.
Nos últimos dias, o tema avançou em Brasília com reunião no TCU para tratar do modelo de obra e da possibilidade de repactuação contratual com a concessionária. Uma audiência pública já foi aberta pela ANTT, e a expectativa é de que, ainda este mês, o TCU valide qual alternativa será adotada.
O problema é que, enquanto as decisões não são tomadas, o Morro dos Cavalos continua sendo um ponto de risco e congestionamento, testando diariamente a paciência e a segurança de quem trafega pelo trecho. A pressão popular e a mobilização política indicam que a solução pode estar próxima, mas o histórico de promessas não cumpridas exige cautela antes de acreditar que, desta vez, a obra finalmente sairá do papel.