Artigo de Marlene Fengler, Secretária-geral da ALESC

Falar sobre mulheres sempre fez parte da minha trajetória. Ao longo dos anos, especialmente quando fui deputada estadual, trabalhei com temas como a violência contra as mulheres, a participação feminina na política e a necessidade de ocuparmos todos os espaços de decisão. Por muito tempo, pensei que isso bastava, até perceber que faltava algo essencial: um espaço de conexão, escuta e inspiração entre nós.
Foi assim que nasceu o Movimento Mulheres, uma ideia que amadureceu dentro de mim e que agora ganha forma. Um espaço pra aproximar, ouvir e inspirar. Pra falar sobre o que é real, o que nos toca e o que ainda precisa ser dito. Um lugar de acolhimento onde possamos compartilhar histórias, dúvidas e aprendizados.
Ser mulher não é sobre nunca esmorecer ou dar conta de tudo. É sobre ter coragem pra recomeçar e apoio pra se levantar depois de cada tombo. Eu venho do interior de Itapiranga, filha de agricultores, e aprendi desde cedo o valor do trabalho, do estudo e da superação. Cada etapa da vida me mostrou que o tempo não nos diminui, nos amplia e nos completa. Ganhamos cicatrizes, mas também conquistas e sabedoria. E é dessa bagagem que nasce uma força tão necessária ao mundo.
Mas também sei que essa força é constantemente colocada à prova. O etarismo, preconceito contra a velhice silencioso e cruel, tenta apagar as mulheres 50+, 60+ e além, justamente quando estamos mais preparadas. No Brasil, segundo dados recentes do IBGE, 32% das mulheres com mais de 50 anos enfrentam desemprego prolongado, o dobro do índice entre os homens da mesma faixa etária. E cerca de 30 milhões de brasileiras vivem a menopausa, mas apenas uma pequena parcela tem acompanhamento médico regular. Ainda somos invisibilizadas em um momento da vida em que acumulamos experiência, lucidez e potência.
O Movimento Mulheres nasce para enfrentar esse silêncio. Para dizer que a maturidade não é o fim de um ciclo, mas o começo de outro, mais consciente, mais livre e mais nosso. A ideia é termos um espaço pra falar de menopausa, saúde, etarismo, economia depois dos 50, 60 ou mais e também para falarmos de propósito, pertencimento e futuro.
Quero estar ao lado de mulheres que buscam sentido e recomeços. Que querem dividir histórias e construir juntas um novo tempo, mais justo, mais inclusivo e mais solidário. Porque quando uma mulher se reconhece em outra, o mundo muda e pra melhor.
E é isso que, sem pretensão, eu busco com o Movimento Mulheres: conectar, inspirar e transformar a mim e a muitas outras mulheres que também querem reescrever novas jornadas. Somos muitas, de todas as idades e trajetórias. E seguimos inteiras, fortes e com o coração aberto construindo o amanhã que queremos viver.






