Novo mercado para psicólogos e psiquiatras

Estamos no começo de uma nova era das relações: o das relações entre pessoas e objetos; não mais entre pessoas e pessoas.

Sim, há uma simbiose nova: a conexão se dá entre alguém e um brinquedo. Não um carrinho, uma bola de futebol ou vôlei, um jogo educativo como forma de lazer saudável para crianças.

A conexão é entre um adolescente e/ou um adulto com uma boneca realista, com a qual o ser humano interage como se fosse um bebê de verdade.

É o bebê reborn, essa nova febre de consumo daqueles que estão perdendo a racionalidade e se embrenham no mundo da (quase) alucinação.

Os negócios de venda de bebês reborn surgiram em 1990 nos Estados Unidos e, hoje, somam milhões de dólares no mundo. Lojas especializadas faturam R$ 40 mil por mês no Brasil.

Os itens variam e, dependendo das características e personalização, podem custar de R$200,00 a R$ 10 mil a unidade! O negócio e o comportamento coletivo nos mostra gente passeando e conversando com o brinquedo.

Nas ruas, em praças, em shoppings. Trocam fraldas, dão mamadeira.

Fazem “chá de revelação” e levam para “maternidades”, como se os objetos inanimados fossem de verdade.

Há “maternidades” exclusivas para bebês reborn em bairros nobres em Curitiba, em Belo Horizonte…

Uma frase exemplar a respeito dessa situação vem do escritor Fabrício Carpinejar: “Muitos mimam bonecos como se fossem filhos, e recusam ter filhos justamente porque não são bonecos”.

Os donos de bebês reborn fazem, até, reuniões entre si para “interação social” dos bonecos. Sim. Milhares de pessoas já não querem mais o convívio com outras pessoas. E, carentes de tudo, buscam consolo em objetos os quais podem manipular da forma que desejam.

Tenho a impressão que aí se abre um novo e promissor campo de atuação para psicólogos,
terapeutas e psiquiatras.

Numa sociedade doente, clínicas dedicadas a tratar de “mães” e “pais” de bebês reborn
terão muito trabalho pela frente.

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