Outubro estreia com o agro brasileiro batendo recordes históricos!
Na mesma semana em que se anuncia o maior contingente de trabalhadores do campo na história, o setor também amarga um número sem precedentes de produtores rurais batendo às portas da Justiça.
O agro que emprega, exporta e abastece o mundo também virou campeão em recuperações judiciais.

O maior empregador do Brasil
O campo nunca empregou tanta gente. O agronegócio alcançou 28,2 milhões de trabalhadores no segundo trimestre de 2025, o que representa um em cada quatro empregos formais no país.
O Boletim Mercado de Trabalho do Agronegócio Brasileiro, publicado trimestralmente pelo Cepea (Esalq-USP) em parceria com a CNA, mostra expansão em todos os segmentos — da produção primária à agroindústria. É o maior número já registrado na série histórica e consolida o agro como motor do mercado de trabalho brasileiro.
Mulheres em campo
O documento também mostra mudanças no perfil do trabalhador do setor. A participação feminina cresceu 1,9%, enquanto a masculina avançou 0,2%. Observa-se ainda aumento no contingente de trabalhadores com ensino médio (3,4%) e superior (4,5%), enquanto caiu o número de trabalhadores sem instrução (8,5%) e com ensino fundamental (1,8%).
Apesar da expansão do emprego, os salários médios seguem abaixo da média nacional, com empregados recebendo R$ 2.744 por mês, frente a R$ 3.244 do país. Entre empregadores, a média ficou em R$ 7.896, enquanto autônomos receberam R$ 2.397, ambos abaixo da média nacional.
Santa Catarina: pequena no mapa, gigante no agro
Em Santa Catarina, o agro responde por cerca de 25% do PIB estadual e sustenta quase meio milhão de empregos diretos. O estado é líder nacional em carne suína (29,5%) e maçã (50%), além de dominar a maricultura com 93% da produção brasileira de ostras, vieiras e mexilhões.
Também figura entre os primeiros colocados em frango, arroz, tabaco, fumo e madeira. Em 2023, o estado exportou US$ 7,49 bilhões em produtos agropecuários, 64,7% de tudo o que vendeu ao exterior.
Mesmo ocupando apenas 1,1% do território nacional, Santa Catarina está entre os oito maiores protagonistas do setor agropecuário do Brasil. Um gigante em resultados!
Carne bovina quebra a banca
Setembro de 2025 trouxe outro recorde: o Brasil exportou 294,7 mil toneladas de carne bovina até a quarta semana, e deve superar a marca de 300 mil toneladas no fechamento do mês. É o maior volume da história. O faturamento já alcança US$ 1,65 bilhão, puxado sobretudo pela China, que antecipou compras antes da Semana Dourada. O boi brasileiro nunca esteve tão valorizado nos mercados internacionais.
A colheita amarga das recuperações judiciais
Mas a bonança não se estende a todos. O agro também registrou 565 pedidos de recuperação judicial no segundo trimestre, alta de 31,7% em relação a 2024.
É o maior número desde que a Serasa começou a contabilizar os casos, em 2021. Pela primeira vez, os produtores que atuam como pessoa jurídica ultrapassaram os pessoa física nos pedidos, com a soja liderando a lista de culturas mais endividadas.
E não é só na fazenda que a conta não fecha. Empresas de processamento, como usinas de etanol, laticínios e beneficiadoras de grãos, também colocaram o nome na lista, com 102 pedidos de recuperação. Juros nas alturas e margens espremidas fazem o cenário ficar ainda mais pesado.
Quem diria?
Quem diria que o setor que vive de colher, estaria colhendo tantos processos?
O agronegócio brasileiro se tornou o retrato das contradições do país: recordista em empregos, exportações e produção, mas também em pedidos de socorro judicial.
E nesse palco de superlativos, vale destacar: nunca tantas mulheres ocuparam espaço no campo e nunca Santa Catarina — o único estado feminino do Brasil — brilhou tanto no agro.
Um lembrete de que, por trás de números grandiosos, há também símbolos que reforçam a força e a diversidade desse setor que move o país.