Djenifer Carvalho escreve artigo com um relato pessoal sobre uma experiência de assédio sofrida em um ônibus, que a levou a se envolver na defesa dos direitos das mulheres e a se tornar pré-candidata a vereadora para combater o assédio e promover a justiça.
Em um mundo onde o assédio é uma realidade infelizmente comum, divido a minha história com vocês. O assédio que sofri foi um ponto de virada na minha vida, trazendo à tona uma nova consciência sobre minha força interior e minha capacidade de lutar por mudanças. Foi em 2022, estava indo trabalhar às 07h da manhã na linha da Tapera via túnel. Eu estava no banco do corredor, peguei no sono ainda quando estava na Tapera. A gente cresce ouvindo que tem que se cuidar, mas nunca está preparada para algo desse tipo.
Acordei assustada com um homem se esfregando no meu braço. Falei para ele sair de perto de mim se não, eu iria agredi-lo. Claro que ele não saiu e eu comecei a gritar para parar o ônibus. O que não funcionou!! Virei para o lado e perguntei ao senhor que estava do meu lado se ele não estava vendo isso e ele só baixou a cabeça. Me vi sozinha, frágil e com medo do que poderia acontecer. Aos 20 anos eu pensava nunca passaria por algo assim. O assediador, depois de tanto eu gritar, foi para o final do ônibus e assim que o chegamos no terminal ele saiu correndo, não consegui alcançá-lo e, muito menos, outras pessoas tentaram ajudar.
Fiz o boletim de ocorrência, mas mesmo assim não consegui obter as câmeras do ônibus do Consórcio Fênix, aliás, acabei descobrindo que a única câmera que tem é apenas a câmera do cobrador que não pega nenhuma informação direito.
Primeiro me senti envergonhada e culpada. Depois revoltada. Não autorizei que ninguém me tocasse, muito menos pedi. O culpado é o assediador, depois o motorista do ônibus que mesmo com meus gritos não parou o veículo, depois a empresa que, até onde se sabe, não treina seus funcionários para questões de violência contra a mulher, não mantém câmeras de segurança e por fim, as pessoas que vivenciam esse tipo de atitude criminosa e nada fazem. O silêncio absoluto de quem estava ao redor e fingiu não ver, me fez perceber que não poderia viver essa realidade novamente ou permitir que outras mulheres vivenciassem.
Conversei com amigos próximos e procurei apoio em grupos que defendem os direitos das mulheres e combatem o assédio. Descobri que não estava sozinha e que havia uma rede de apoio pronta para me auxiliar. Eu quero mais e com muita coragem para defender os direitos das mulheres é que coloquei meu nome à disposição do Progressistas para ser pré-candidata à vereadora.
Essa experiência me transformou. Aprendi sobre a minha própria resiliência e descobri uma força que não sabia que possuía. A luta contra o assédio me despertou para a importância de defender meus direitos e os direitos de outras pessoas.
Hoje, sou uma defensora ativa dos direitos das mulheres e do combate ao assédio em todas as suas formas. Uso minha voz e minha história para inspirar e ajudar outras pessoas a se levantarem contra a injustiça.
O assédio que me acordou para a vida foi uma experiência dolorosa, mas também foi o catalisador para minha transformação. Encontrei minha voz e minha força. Sempre é possível encontrar um caminho para a mudança e a justiça. Que possamos continuar lutando por um mundo onde o respeito e a dignidade sejam garantidos a todos. Essa é uma luta de todas nós!
Djenifer Carvalho é estudante de Direito e pré-candidata à vereadora pelo Progressistas.