Afrânio Boppré escreve artigo em que destaca a importância histórica e cultural da Ponte Hercílio Luz, abordando seu impacto na conexão entre a Ilha e o Continente, sua função original e as transformações socioespaciais que gerou em Florianópolis.

Chegou a hora de as instituições públicas criarem uma Comissão Especial para celebrar o Centenário da Ponte Hercílio Luz, envolvendo grande mobilização de todos os segmentos da sociedade. A obra, iniciada no segundo governo de Hercílio Luz, inicialmente chamava-se Ponte da Independência, no entanto, em razão do falecimento do governador, a 20 de outubro de 1924, passou a levar seu nome.

A Ponte foi inaugurada em 13 de maio de 1926. O projeto original pretendia viabilizar a passagem de trem, em um audacioso sistema estadual ferroviário que ligaria o interior do estado à Capital. Nunca se viabilizou esse objetivo e jamais um trem andou pelas terras da Ilha de Santa Catarina. Os mais atentos poderão notar, inclusive, as marcas de um pequeno “cânion” aberto na cabeceira insular, que tinha o propósito de criar as condições para a passagem da locomotiva em direção ao Largo Alfandega. Ainda cabe registrar que a parte continental hoje pertencente à Capital Catarinense, era de São José, sendo anexada a Florianópolis somente em 1943.

É fato que o impacto inicial da Ponte Hercílio Luz serviu mais para ligar a Ilha ao Continente do que o Continente à Ilha. Foi ela quem levou as famílias tradicionais da pacata Florianópolis a se despertarem para as belezas e encantos da Orla Continental. Com a facilidade de travessia e aposentando a catraia (pequena embarcação de transporte de passageiros), a ocupação dos balneários passou a competir com as pequeninas vilas de pescadores e chácaras que ali haviam se instalado. Casas com exclusiva função de veraneio foram construídas e uma nova formação socioespacial se estabeleceu. Um sucesso casual.
A Ponte Hercílio Luz, de fato, mudou nossa história.

Afrânio Boppré é reeleito vereador de Florianópolis pelo PSOL.