O papel, o papelão e a economia sustentável. Por Lindomar Lima Souza

Lindomar Lima Souza escreve artigo sobre o setor de embalagens sustentáveis como um indicador econômico, destacando seu crescimento devido à maior demanda do varejo e e-commerce, impulsionados por renda em alta e sustentabilidade.

Considerado um eficiente termômetro da economia, o setor de embalagens sustentáveis permite antever como deverá ser o nível de consumo da população em curto prazo, se há expansão ou retração da renda e até entender se as empresas estão otimistas ou pessimistas em relação a suas vendas para os próximos meses. Mas como um setor aparentemente simples pode trazer tantas informações tão complexas? A resposta é fácil.


Para que a indústria de alimentos leve comida aos supermercados e estes ao consumidor, os produtos precisam ser embalados. Antes de sair do frigorífico, por exemplo, a carne é transportada em caixas de papelão – que precisa estar disponível no estoque da empresa em quantidade suficiente para a produção prevista. Se esse setor está otimista quanto ao consumo, estimando que vai aumentar porque a renda da população melhorou, automaticamente demandará antecipadamente mais caixas.


O mesmo serve para o comércio. Quando o lojista sente que seu fluxo de vendas está melhor e acredita que deverá seguir positivo por determinado período, ele precisará de mais sacolas para entregar a compra ao cliente. Ou seja, a encomenda que ele faz no ciclo anterior, neste caso, precisará ser maior. Nesse contexto, a indústria e o comércio se antecipam nas encomendas a partir de dados concretos do mercado, como o PIB, e de seu próprio negócio.


Atualmente, as empresas operam com baixos volumes de estoques, reduzindo um pouco o tempo desta “temperatura” da economia futura. Com isso, o contexto que temos hoje é que este último trimestre do ano de 2024 tem boas projeções – e também o início de 2025.


A Associação Brasileira de Embalagens em Papel (Empapel) registrou apenas no primeiro semestre deste ano 5,4% de expansão nas vendas anuais. Para 2025, o estudo elaborado em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) projeta crescimento acima de 3% – acima da média anual do setor na última década, de 1,7%, mostrando a resiliência do segmento e também ampliação deste mercado ano a ano.

Outro fator que precisamos levar em consideração sobre essa expansão é a maior demanda por embalagens sustentáveis (basta ver o varejo: cada dia adotando com mais ênfase as sacolas de papel) e maior demanda do e-commerce (que precisa embalagens para levar produtos diretamente ao consumidor). As razões para a preferência são diversas, de acordo com a Trend Tracker 2023, pesquisa realizada pela Toluna a pedido de Two Sides, junto a 10.250 pessoas em 16 países, a maioria dos entrevistados considera o papel um produto biodegradável (72%), mais barato (63%), melhor para o meio ambiente (58%), mais leve (57%) e mais fácil de reciclar (53%).


Ainda assim, claro, estamos vivendo um período bastante positivo com a renda da população ganhando maior poder de compra graças a retração na inflação e menor taxa de desemprego. E aqui o termômetro que nosso setor oferece a economia se torna ainda mais preciso, pois reflete consumo de alimentos em mais quantidade e qualidade, mais compras no varejo e otimismo quanto ao futuro.


Lindomar Lima Souza é diretor do Negócio Embalagem da Irani Papel e Embalagem.

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