Quem diria que os bastidores do remake de Vale Tudo — o clássico novelão dos anos 80 — trariam lições tão relevantes para quem trabalha com reputação, imagem e gestão de crises? Mas trouxeram. E muitas.
No centro da polêmica, um nome de peso da dramaturgia global: Cauã Reymond. O galã, habituado aos holofotes e aos sets da Globo, talvez não esperasse que sua postura fosse questionada publicamente por uma colega de cena — e logo por uma atriz jovem, ainda em início de carreira, mas que demonstrou confiança e coragem.
Bella Campos se incomodou com a forma como foi tratada pelo ator veterano e não apenas reagiu. Foi além: buscou o canal de compliance da emissora. O caso, que poderia ter sido contido internamente, ganhou as redes sociais e explodiu nos portais de entretenimento. O burburinho se tornou manchete. E mais: ex-parceiras do ator passaram a publicar mensagens nas redes que soaram como indiretas de apoio à jovem atriz. A crise tomou forma, contaminou o ambiente da novela e chegou a paralisar gravações.
É nesse ponto que começam as lições para nós, profissionais da comunicação.
Alguém viu alguma manifestação pública de Cauã Reymond sobre o episódio? Não. O ator optou pelo silêncio.
Embora, em situações muito específicas, o silêncio possa funcionar como uma estratégia de contenção de danos, na maioria dos casos ele tem efeito contrário: alimenta a especulação, aumenta o ruído e amplia o alcance da crise. Foi o que aconteceu.
Cauã poderia ter adotado outra postura. Reconhecer o erro, pedir desculpas à colega e encerrar o episódio com dignidade. Ao “deixar rolar”, perdeu o controle da narrativa — e, com ela, parte de seu prestígio no meio artístico, que hoje o enxerga como um nome difícil de lidar nos bastidores.
A lição que fica é simples e valiosa: não pague para ver se o assunto “morre” naturalmente. Na gestão de crises, o timing é tão importante quanto a narrativa. E a omissão pode custar caro.
