O que está mudando no perfil dos CFOs catarinenses. Por Artur de Castro Frischenbruder

Artigo de Artur de Castro Frischenbruder, Managing Partner da Evermonte Executive & Board Search

A liderança financeira das empresas catarinenses vive um momento de mudança profunda. O que antes era um território dominado por perfis técnicos e conservadores, hoje passa a ser ocupado por executivos mais conectados à inovação e cada vez mais próximos da estratégia do negócio. O estudo CFO Trends 2026, conduzido pelo Evermonte Institute, ajuda a enxergar esse movimento e a entender os desafios que vêm pela frente.

O levantamento revela um dado simbólico: 60% dos CFOs em Santa Catarina têm até 45 anos. Isso sinaliza uma renovação geracional relevante em comparação à realidade nacional (onde 54,5% dos diretores financeiros têm entre 46 e 60 anos), com líderes que cresceram em um ambiente empresarial mais dinâmico e expostos desde cedo às novas tecnologias e à lógica da transformação digital. Esses profissionais estão ajudando a desenhar um modelo de gestão financeira que combina técnica, análise de dados e visão de futuro.

A diversidade, porém, ainda é uma fronteira a ser vencida. Apenas 13% das posições de CFO são ocupadas por mulheres no estado. O número é baixo, mas serve de alerta e convite à ação. A experiência mostra que times diversos não apenas ampliam a representatividade, mas também fortalecem a capacidade de inovação e tomada de decisão – dois ativos essenciais na atual economia de dados.

Outro aspecto que chama atenção é a origem setorial dos líderes financeiros catarinenses. A presença expressiva de executivos vindos dos setores de tecnologia e têxtil, ambos com 17%, ilustra a força das vocações econômicas locais. São segmentos que exigem resiliência, adaptação rápida e gestão de margens apertadas – atributos que também ajudam a construir CFOs com visão estratégica e perfil empreendedor.

O tamanho das equipes revela maturidade. A maioria desses executivos comanda estruturas financeiras de grande porte, com mais de 20 pessoas, indicando empresas com processos consolidados e finanças tratadas como área de inteligência, não apenas de controle.

Mas o que diferencia o CFO de 2026 não é apenas o tamanho da equipe. É, sobretudo, o papel que ele desempenha no negócio. O estudo mostra que as competências mais valorizadas estão ligadas à alocação de capital, influência estratégica e uso de inteligência artificial nas finanças. Isso traduz uma mudança de paradigma: o CFO deixa de ser o “guardião dos números” e passa a ser o arquiteto das decisões, integrando performance, inovação e cultura organizacional.

Por outro lado, os desafios permanecem significativos. Há escassez de talentos técnicos em áreas como IA aplicada às finanças, analytics e modelagem de cenários. Some-se a isso barreiras culturais – empresas ainda pouco abertas à transformação digital e sistemas legados que dificultam a integração de dados. O resultado é um ambiente que demanda urgência em formação e atualização constante.

Em resumo, o CFO catarinense está no meio de uma travessia. Atravessa da gestão tradicional para a era da inteligência e dos algoritmos. É um líder que precisa dominar números, pessoas e tecnologia, sem perder o olhar humano e o senso ético. O futuro das finanças em Santa Catarina – e no Brasil – será desenhado por quem conseguir equilibrar esses elementos com propósito e adaptabilidade.

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