
O anúncio das medidas de apoio aos exportadores, feito pelo governador Jorginho Mello e pelo secretário da Fazenda, Cleverson Siewert, foi comemorado pelos industriais catarinenses.
A fala do recém-eleito presidente da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina, Gilberto Seleme, de Caçador, dá o tom: “as empresas querem um ombro para chorar; e o Estado e a FIESC estão dando esse apoio”
A frase resume o sentimento do empresariado catarinense com as medidas adotadas para reduzir os efeitos do tarifaço aos exportadores, imposto pelo governo Trump.
Claro que o choro é livre e legítimo. Porém, os dados apresentados pela equipe técnica da Secretaria da Fazenda do Estado de Santa Catarina mostram que a preocupação maior fica restrita a um grupo pequeno de empresas exportadores.
Principalmente do setor de madeira e seus derivados, e dos negócios do ramo de motores elétricos e blocos de motores. Indústrias desses segmentos se situam basicamente em municípios do Norte, Vale e Oeste do Estado: 83 por cento dos negócios afetados estão nestas três regiões geográficas.
Importantes são os dados trazidos pela Fazenda: o pacote de auxílio estadual soma R$ 435 milhões em créditos, com apoio também do BRDE; postergação de arrecadação de ICMS; e cobertura de custos fixos relacionados aos processos de exportação.
Importa verificar que 295 empresas catarinenses sofrem impactos em alguma escala.
Num outro corte, os dados oficiais revelam que há 140 empresas catarinenses exportadoras para os Estados Unidos classificadas em níveis crítico, alto ou relevante: elas exportam mais de 75 por cento; mais de 50 por cento ou mais de 25 por cento, respectivamente, para o mercado dos Estados Unidos.
Dito de outra forma: 83 por cento das empresas exportadoras de SC estão em níveis “gerenciáveis” em relação aos impactos do tarifaço de Trump. E estas empresas empregam 95 por cento dos trabalhadores que atuam em companhias com negócios com clientes de outros países.
Claro que é hora do governo apoiar. Claro que a repercussão é grande naqueles negócios com forte exposição ao mercado norteamericano.
Afinal, os Estados Unidos são o segundo maior importador de produtos catarinenses. No entanto, os números apresentados pela Fazenda, e com informações da FIESC, mostram que o impacto prático mais significativo está bem restrito.
Para a grande maioria dos exportadores, o susto inicial foi maior do que a realidade revela.