Operação Fundraising soma mais quatro à lista de 26 prefeitos presos em SC

Operação Fundraising investiga contratos com empresas especializadas em captação de recursos federais para prefeituras

A segunda fase da Operação Fundraising, deflagrada nesta quarta-feira pelo Gaeco, soma mais quatro prefeitos em exercício de mandato a um triste ranking que envergonha Santa Catarina em nível nacional. São 26 prefeitos presos por suspeita de corrução em algum momento dos mandatos que tiveram início em 2021, a maior parte deles na Operação Mensageiro, que investiga contratos de lixo e iluminação pública.

Há algo sistêmico e apartidário que precisa de um olhar mais atento de toda a sociedade catarinense. Sem polarização de torcedor de político nas redes sociais, sem contemporizações, sem asteriscos. Nenhum dos principais partidos de Santa Catarina escapou da lista.

Nesta quarta-feira, o pela primeira vez se somou a essa lista o PT. Até então, a esquerda de Santa Catarina jogava os efeitos da seguidas operações policiais nas costas dos “prefeitos bolsonaristas”, ignorando que as prisões alcançavam também MDB, PSD, União Brasil e Republicanos, partidos que participam do governo Lula (PT).

A prisão preventiva de Clori Peroza (PT), de Ipuaçu, coloca o partido na mapa e ajuda a deixar mais real o cenário exposto. Nas palestras que faço e nas redes sociais, instado a falar dos “prefeitos de direta” presos em Santa Catarina, sempre fazia questão de ressalta que o PT ganhou apenas 11 das 295 cidades catarinenses em 2020. Ou seja, quase não há prefeitos de esquerda no Estado.

É hora de baixar as bandeiras e cobrar um grande pente fino nas administrações municipais. Santa Catarina não pode se acostumar a essa rotina de prefeitos prefeitos.

Fundraising: “portas abertas em Brasília”

Na nova fase da Fundraising, o Gaeco apresenta uma suposta organização criminosa que teria desviado recursos públicos e fraudado licitações através de “serviços de consultoria e de assessoramento para captação de recursos públicos”.

É uma atividade muito frequente de políticos que exerceram mandato parlamentar e oferecem à prefeituras as chamadas “portas abertas em Brasília” como forma de conseguir buscar verbas em ministérios e programas federais. Pode ser feita com seriedade ou não, ressalte-se.

No caso da Fundraising, a suspeita é de que o grupo assinava contratos com prefeituras sem que houvesse necessariamente a comprovação de qualquer atividade, apenas para drenar recursos públicos para o esquema.

A operação deflagrada nesta segunda-feira teve 11 mandados de prisão preventiva, dos cinco de suspensão do exercício das funções públicas e dos 63 de busca e apreensão, expedidos pela Quarta Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJ-SC), concentra-se em 23 municípios catarinenses, em um município do Rio Grande do Sul e em Brasília.

Os nomes da Fundraising

Faz parte dos investigados o ex-deputado federal Edinho Bez (MDB), deputado federal por seis mandatos entre 1995 e 2019. O longevo ex-parlamentar continuou sendo presença frequente em debates políticos, especialmente sobre infraestrutura e logística. Além dele foram presos preventivamente, como antecipou a jornalista Maga Stopassoli:

  • Fernando de Faveri Marcelino (MDB), prefeito de Cocal do Sul.
  • Clori Peroza (PT), prefeita de Ipuaçu
  • Marcelo Baldissera (PL), prefeito de Ipira
  • Mário Afonso Woitexem (PSDB), prefeito de Pinhalzinho

O ex-deputado federal Edinho Bez sofreu mandado de busca e apreensão, assim como o prefeito de Jardinópolis, Mauro Francisco Risso (MDB), e o ex-prefeito de Ipira, Emerson Ari Reichert – eleito pelo PT, mas recentemente filiado ao União Brasil para concorrer a prefeito mais uma vez.


Fotos: Gaeco divulgou fotos em gabinetes, casas e de dinheiro encontrado na segunda fase da Operação Fundraising;
Crédito: Divulgação.

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