Os desenhos digitais de 2026 em Santa Catarina

Por Marcello Natale

Falta um ano para as eleições de 2026 e já é possível observar alguns contornos da disputa em Santa Catarina pelo prisma digital. Importa lembrar: os indicadores das redes sociais são apenas uma face da competição, mais ligados ao eleitorado “solto” e distante da estrutura partidária. Essa fatia cresce, mas precisa ser lida com cuidado.

Dois pontos precisam ser ponderados. Primeiro, nem sempre os números refletem públicos catarinenses. Quanto mais nacionais as pautas, menos esses indicadores ajudam a medir votos no estado. Segundo, estamos diante de uma fotografia de um mês: para quem tem bons números, o desafio é manter a conexão até a urna; para quem aparece atrás, ainda há tempo para virar o jogo.

O ranking de setembro mostra a força da direita digital catarinense. Zé Trovão segue no topo, com engajamento expressivo e sustentado por base orgânica. Julia Zanatta, Carol de Toni e Ana Campagnolo completam o núcleo duro bolsonarista, equilibrando de forma variada a pauta nacional com a estadual — ainda que muitas vezes pelo caminho do confronto. Todas elas mantêm presença relevante e consistente no ambiente digital.

Alex Brasil, segundo colocado, é um caso à parte. Seus números impressionam e estão diretamente ligados à estratégia de collabs com páginas nacionais e ao uso constante de factoides. O método já mostrou resultados em estados maiores, mas em Santa Catarina enfrenta o limite de deslocar parte da audiência para fora do território. É uma aposta ousada, que pode tanto gerar impacto como perder relevância local.

Bruno Souza mantém sua posição como um dos políticos mais capazes de usar as redes a favor da própria presença. Em temas como a situação dos moradores de rua, alcança forte ressonância estadual. É, entre os nomes sem mandato, o mais engajado. Mas sua recente adoção de collabs levanta dúvidas sobre a necessidade de inflar números que já eram altos por mérito próprio.

No campo progressista, Leonel Camasão continua sendo a surpresa do ano. Com discurso combativo e direcionado ao seu público, aparece como liderança digital consistente, puxando uma lista de vereadores que merecem atenção em 2026. Cryslan (São José), Mateus Batista (Joinville), Rodrigo Andrade (São José), Manu Vieira (Florianópolis), Ricardo Pastrana (Florianópolis), Saulo Ramos (Itapema), Pri Fernandes (Florianópolis), Willian Tonezi (Joinville) e Carla Ayres (Florianópolis) são exemplos de parlamentares que, apesar de mandatos locais, conseguem construir comunicação mais próxima da vida cotidiana do eleitor e colher resultados significativos.

Entre os deputados estaduais, o desempenho é mais discreto. Marquito, Luciane Carminatti, Fabiano da Luz, Jessé Lopes e Sérgio Guimarães se destacam, cada um a seu modo. Sérgio Guimarães, em particular, mostra força ao se apoiar apenas em pautas locais e em prestação de serviços, fugindo da lógica polarizada.

No executivo, os prefeitos ainda aparecem fortes, mas há sinais de mudança. Topázio Neto, referência nacional, aparece pela segunda vez consecutiva atrás do senador Esperidião Amin, que amplia presença digital em meio à polarização. Já na disputa majoritária estadual, a diferença entre Jorginho Mello e João Rodrigues caiu a um dos menores patamares da série histórica — mais pela desaceleração do governador do que por crescimento expressivo de João.

A seguir, os números detalhados do mês de setembro de 2025, com base nos dados orgânicos da Meta coletados pelo monitoramento da BN3:

O estudo completo com o acumulado anual e os dados completos pode ser visto CLICANDO AQUI.