Por Fúlvio Rosar Neto
Os romanos recorriam à Ceres, deusa da agricultura e das estações do ano, a fim de possuírem terras férteis e produtivas. No panteão helenístico, Ceres era chamada de Deméter, que favorecia ou amaldiçoava os gregos segundo seus próprios sentimentos de generosidade e furor.
Como paradigma metafórico, provamos que nos últimos anos a deusa da agricultura direcionou generosamente seu olhar para terra dos catarinenses: maior produtora nacional de cebola, maçã e suínos; segunda maior produtora nacional de tabaco, palmito, arroz, aves e pera. Nossa vitivinicultura é responsável por 6,2% da área em produção brasileira.
Os números divulgados nessa semana pelo Ministério da Economia são provas dessa realidade. Em 2023, Santa Catarina estabeleceu um novo recorde na exportação de carnes de todas as espécies, totalizando o embarque de 1,85 milhão de toneladas e alcançando uma receita de US$ 4,022 bilhões.
Os números suntuosos de nossa agricultura e pecuária são, sem dúvidas, fruto do trabalho abnegado de nossos produtores rurais e de todos os stakeholders que fazem do agronegócio a locomotiva catarinense, a mola propulsora da nossa economia.
A despeito das dificuldades enfrentadas pelo agronegócio catarinense em 2023, o Ministério de Agricultura e Pecuária (MAPA) buscou estar presente e proporcionar políticas públicas e parcerias internacionais ao setor.
O Plano Safra 2023/2024 é o maior de nossa história, com aproximadamente R$ 365 bilhões em créditos e estímulo às iniciativas sustentáveis. Ainda, destacam-se o Programa de Recuperação de Estradas Vicinais e o Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas, que pretendem promover melhoria na produção sustentável e no escoamento da safra brasileira.
Em 2023, com a crise do leite enfrentada pelos produtores catarinenses, o MAPA disponibilizou R$ 200 milhões para apoio à comercialização de leite em pó e auxiliou o Governo Federal na publicação do Decreto nº 11.732/2023, que estabeleceu a diferenciação tributária e amenizou a instabilidade do setor leiteiro.
Outro tema central de debate e trabalho no Ministério da Agricultura é a questão diplomática. O ministro Carlos Fávaro participou de reuniões bilaterais com representantes de mais de 30 países e esteve envolvido em missões internacionais em 13 nações, gerando resultados para o setor agropecuário brasileiro, como a abertura de 78 novos mercados em 39 países e a retirada da suspensão sobre a importação de aves vivas e ovos férteis catarinenses pelo Japão.
Os resultados não cabem em um único texto e nos convocam a fazer um 2024 ainda mais produtivo para a agropecuária catarinense. Chronos, deus do tempo calculado e sequencial, nos permite o início de um novo ano. Kairós, deus do momento oportuno, nos convida a fazer de cada instante uma nova possibilidade cheia de esperança.
Com esse sentimento, reforço nosso compromisso com as entidades representativas do setor, com centros de pesquisa e, principalmente, com os produtores rurais: os verdadeiros protagonistas do agronegócio catarinense.
Fúlvio Brasil Rosar Neto é superintendente do Ministério da Agricultura e Pecuária em Santa Catarina.