A revolução das chamadas “canetas emagrecedoras” no tratamento da obesidade veio com uma promessa: a perda de peso rápida e significativa. O sucesso de medicamentos como a semaglutida, liraglutida e tirzepatida foi tão estrondoso que se tornaram onipresentes, de consultórios a redes sociais, e até geraram o termo “cara de Ozempic”, em referência ao aspecto facial de emagrecimento excessivo. No entanto, um estudo recente realizado em 16 países lança uma sombra sobre o tratamento: um ano após a interrupção do medicamento, os pacientes recuperaram mais de 11% do peso perdido e apresentaram piora nos indicadores de saúde.

A Dra. Elisa Urban, médica e consultora do Essentia Group, destaca que esses dados revelam uma verdade inconveniente: o emagrecimento com análogos de GLP-1 não pode ser encarado como uma solução milagrosa. A perda de peso sem o devido acompanhamento pode levar a efeitos indesejados, como desidratação, desnutrição e, o mais preocupante, uma perda excessiva de massa magra, que compromete a saúde metabólica e a sustentabilidade do novo peso.
O reganho de peso: uma batalha já conhecida
A Dra. Elisa Urban explica que o reganho de peso é um desafio comum em diversos tratamentos de obesidade, indo desde dietas restritivas até a cirurgia bariátrica. No caso das canetas, a volta do peso está ligada a uma série de fatores interconectados, sendo o principal deles a readaptação do organismo ao estado pré-tratamento.
“Ao parar a medicação, os hormônios envolvidos na fome e na saciedade tendem a voltar aos níveis anteriores, e sem o suporte adequado, o paciente pode voltar a comer mais”, explica.
Além da questão hormonal, outros fatores comportamentais e psicológicos são decisivos. A especialista aponta para a volta a hábitos alimentares pouco saudáveis, o abandono da atividade física e a falta de atenção à saúde mental, que muitas vezes contribui para a compulsão alimentar. A mensagem é clara: o medicamento é apenas uma ferramenta, não a solução definitiva.

A saúde do coração e o metabolismo em risco
O estudo não revelou apenas o reganho de peso. Um ano após o fim do tratamento, a pressão arterial e a hemoglobina glicada voltaram aos valores iniciais. Triglicerídeos e colesterol, mesmo que abaixo dos níveis pré-tratamento, já estavam mais elevados do que no final do uso do medicamento. Para a Dra. Elisa, essa reversão dos benefícios conquistados é um alerta grave.
“Níveis altos desses indicadores são preocupantes porque elevam o risco de doenças cardiovasculares, hipertensão, diabetes mellitus e gordura no fígado”, afirma.
Outro ponto crucial é a perda de massa magra, que em alguns casos pode ultrapassar 50% do peso corporal total. A Dra. Elisa Urban destaca que, embora não haja dados específicos sobre o desenvolvimento de sarcopenia (perda de massa muscular) em pacientes que usam esses medicamentos, a perda excessiva de massa muscular compromete o metabolismo, tornando mais difícil a manutenção do peso a longo prazo.
Para combater esse efeito, a médica ressalta a importância do consumo de proteínas de alta qualidade. “A necessidade neste período de emagrecimento é significativamente maior do que em situações normais, podendo facilmente atingir 2,5g para cada quilograma de peso por dia.”
O desafio do acesso e do suporte
O alto custo das canetas emagrecedoras levanta a questão da acessibilidade, mas a Dra. Elisa Urban acredita que o mercado já está em evolução, com a quebra de patentes permitindo opções mais acessíveis.
No entanto, o maior desafio parece ser o acesso ao suporte necessário para o sucesso do tratamento. A médica salienta que, mais do que o medicamento, é a mudança de estilo de vida, com alimentação equilibrada e prática de exercício físico, que garante a sustentabilidade do emagrecimento. O Essentia Group, por exemplo, criou um programa de suporte nutricional inteligente, com base científica, visando oferecer os nutrientes essenciais para tornar a perda de peso mais eficiente e duradoura.
Em última análise, o sucesso do tratamento não está apenas na agulha, mas em uma mudança de paradigma: encarar o emagrecimento como um processo de transformação contínua, onde o medicamento é um auxílio, e não o único protagonista.