A pouco mais de um ano das eleições, os partidos intensificam o discurso de incentivo à participação feminina na política catarinense. Não por acaso: é neste momento que lideranças precisam ser formadas, candidaturas testadas e nomes consolidados. O desafio é transformar discursos de protagonismo feminino em resultados nas urnas.

Na busca pela mobilização de nomes, na última semana, Gaspar recebeu mais de 300 mulheres no movimento das Mulheres Progressistas, com o projeto O Futuro Chegou. A cena, repetida antes em São Francisco do Sul e São João do Sul, e que ainda passará por Maravilha e Blumenau, mostra que há uma ação crescente em torno do protagonismo feminino.
O evento tem cara de formação política, mas também cumpre um papel de ensaio eleitoral: despertar nas mulheres a disposição de disputar espaços que seguem majoritariamente masculinos.
E o Progressistas tem um desafio gigantesco na composição de candidaturas femininas para as eleições do próximo ano. Angela Amin, que encerrou seu terceiro mandato de deputada federal em 2023, foi a última mulher eleita para a Câmara dos Deputados pela sigla. Atualmente no parlamento estadual o partido tampouco tem representação.
Encontros como o realizado em Gaspar são importantes para mudar esse quadro, eles funcionam como gatilhos de autoestima e pertencimento coletivo. Quando a anfitriã, a vereadora Mara da Saúde, diz que é hora das mulheres ocuparem o poder, ou quando a coordenadora estadual Beth Tiscoski fala em mulheres “empoderadas e conectadas”, há mais do que frases de efeito: há um ambiente de rede sendo construído.
O que falta saber é o quanto essas mobilizações se converterão em candidaturas viáveis, votos e cadeiras. Santa Catarina ainda patina na representatividade feminina — mesmo com mais de 50% do eleitorado sendo formado por mulheres.
Vale lembrar: pela legislação eleitoral, os partidos são obrigados a reservar ao menos 30% das candidaturas para mulheres. A regra, criada para garantir espaço, muitas vezes acaba cumprida de forma burocrática, com nomes lançados apenas para “fechar a conta”. O desafio real é que movimentos neste ano pré-eleitoral ajudem a transformar a cota em competitividade.
Na última eleição, conforme dados da assessoria, o Progressistas elegeu quatro prefeitas, 5 vice-prefeitas, e 90 vereadoras.