Paulo Bauer com a esquerda: Dario já tentou em 2022

Circula nos bastidores da política catarinense que o ex-senador Paulo Bauer, recém-desfiliado do PSDB, estaria prestes a ingressar no PSB para concorrer ao governo em 2026 por uma frente de centro-esquerda. O movimento conta com a articulação de Nikolas Bottós, seu aliado histórico e atual presidente estadual do PSB.

Essa configuração não é exatamente nova. Em 2022, um acordo semelhante foi tentado, mas não avançou porque o PT, então sob liderança de Décio Lima, não abriu espaço para a candidatura de Dário Berger, que deixava o MDB rumo ao PSB.

Agora, a estratégia prevê Bauer como candidato ao governo com apoio petista, enquanto Décio Lima disputaria uma das duas vagas ao Senado em jogo em 2026. A composição reforçaria a aliança nacional PT/PSB, representada pela chapa Lula/Alckmin.

Vale lembrar que a dobradinha já ocorreu no Estado na eleição passada, só que invertida: Décio Lima concorreu ao governo com Bia Vargas de vice — hoje no PT, mas então filiada ao PSB — e Dário Berger disputou o Senado, também pelo PSB.

O papel de Vignatti

À época, o PSB catarinense era comandado por Claudio Vignatti, ex-deputado que havia deixado o PT após presidir a sigla no Estado e concorrer ao Senado e ao governo. Coube a ele articular a ida de Dário Berger ao PSB com a promessa de lançá-lo ao governo.

Dário se filiou ao partido em março de 2022, em evento em São Paulo, ao lado do então recém-chegado Geraldo Alckmin. Dias antes, participou do congresso estadual do PSB, onde foi anunciado como pré-candidato.

As conversas avançavam, com participação até do ex-ministro José Dirceu, que esteve em Florianópolis para tratar do tema em jantar articulado por Jorge Lacerda e Jailson Lima. Dirceu chegou a permanecer alguns dias na Praia Brava, onde tomou um uísque com Jorge Bornhausen, em episódio que repercutiu nos bastidores.

Fator Gelson Merisio

À medida que as convenções se aproximavam, ganhou força na chamada Frente Democrática de Santa Catarina — que reunia PT, PCdoB, PV, PSB e Solidariedade — a influência do ex-deputado Gelson Merisio. Derrotado por Carlos Moisés em 2018, Merisio se tornara um dos principais articuladores de Décio Lima.

Convicto de que a candidatura de esquerda iria ao segundo turno — o que se confirmou — e de que teria chances reais de vitória — onde errou — Merisio defendeu que o candidato fosse do PT, para garantir o número 13, associado a Lula. A estratégia funcionou, mas a favor do outro lado: o eleitorado optou pelo 22 de Jair Bolsonaro “de cabo a rabo”.

Mesmo contrariado, Dário Berger recuou da disputa ao governo e concorreu ao Senado com apoio petista, terminando em terceiro lugar, atrás de Jorge Seif (eleito) e Raimundo Colombo.

Merisio também influenciou a escolha de Bia Vargas para vice. Dário e Vignatti preferiam a vereadora de Chapecó e atual presidente da Uvesc, Marcilei Vignatti. Merisio apresentou pesquisas defendendo que Bia, mulher negra, teria melhor desempenho eleitoral. A chapa Décio/Bia chegou ao segundo turno graças à fragmentação da centro-direita, mas foi derrotada por Jorginho Mello.

A expectativa para 2026

O melhor desempenho do PT em eleições para governador foi em 2002, com a onda Lula. Naquele pleito, José Fritsh fez 27,33%, menos de três pontos percentuais que Luiz Henrique (30,08%), que foi ao segundo turno com Amin e venceu a eleição.

Em 2006, mesmo com a reeleição de Lula, José Fritsh concorreu novamente e ficou com 14,3%. Em 2010, primeira eleição da Dilma, novo crescimento do PT no Estado, com Ideli alcançando a marca de 21%. Em 2014, Claudio Vignatti chegou a 15,5%. Em 2018, Décio Lima disputou pela primeira vez o Governo e fez 12,78%, o pior desempenho desde 2002. Já em 2022, subiu para 17,4%, indo ao segundo turno. Na disputa final, chegou a 29,3%, perdendo para Jorginho Mello (PL).

E em 2026: haverá aliança com ou centro ou PT ficará restrito a esquerda?

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