João Campos não é um nome novo para quem acompanha a comunicação política. Ele tem sido “o nome” por algum tempo. Com uma comunicação extremamente técnica e sem se transformar em um “apresentador” de sua própria rede social, o prefeito de Recife tem mantido uma belíssima performance em suas redes sociais por um bom tempo. Neste carnaval, ao descolorir os cabelos, ele até mesmo chamou a atenção de páginas de entretenimento como a Choquei. Nesta coluna, vamos discutir como, em relação às eleições municipais, nem sempre essa viralização é positiva.
Para entendermos isso, é importante ter claro que as redes sociais entregam conteúdo de forma orgânica para apenas cerca de 3% a 5% da base de seguidores que possuímos. Por exemplo, João Campos alcançou 2 milhões de seguidores, provavelmente distribuídos por todos os estados do país e até mesmo do mundo. Uma publicação normal de João Henrique pode esperar alcançar cerca de 100.000 impressões.
Essas impressões estarão distribuídas por toda a amostra, ou seja, nos diminutos 5% da amostra, ainda teremos uma intensa dispersão geográfica. Na prática, devido à estrutura das redes, quanto mais cresce o prefeito de Recife nas redes sociais, mais distante ele fica da população que votará para reelegê-lo em 2024.
Se isso é um problema para João Campos? É muito provável que não. Mas é um alerta para os prefeitos, deputados e vereadores de todo o país que buscam seguidores e audiências aleatórias. Um exemplo que vem à mente é o do ex-deputado federal Rogério Peninha Mendonça, de Santa Catarina. Antes do bolsonarismo, Peninha já tinha uma rede social nacionalizada com a pauta armamentista, uma rede que muitas vezes é maior que sua base eleitoral e sua realidade de votos, já que mais de 80% dos seguidores estavam fora do estado onde ele poderia ser votado.
É claro que o caminho não é evitar a viralização ou fugir dos posts mais populares, mas é necessário criar algumas estratégias para permitir, principalmente, que o público, ou nesse caso, o eleitorado, permaneça conectado ao político. Podemos resumir isso em três pontos:
Investimento constante em mídia paga para garantir presença regional do político. É imperativo o uso de mídia paga, o famoso tráfego pago ou impulsionamento de conteúdo. Com ele, é possível pagar às plataformas para entregar conteúdo em uma cidade, bairro ou região específica que seja relevante para o político. Os custos por mil habitantes são baixos em todo o território brasileiro.
Criação de rastros sociais. Com um grande engajamento de diversos locais do país, torna-se mais difícil entender quem é realmente o seu público. Crie subcamadas de engajamento, como páginas para campanhas de engajamento, um bom site, central de notícias, grupos de WhatsApp e outros canais onde você consiga separar literalmente o joio do trigo.
Engajamento com a militância. Uma maneira de direcionar a distribuição de conteúdo é através de uma boa militância. Se o prefeito João Campos tiver um time realmente engajado em Recife, que possa propagar seu conteúdo através de seus canais, isso certamente ajudará a manter o conteúdo chegando à ponta.