Júlia Opuski escreve artigo em que discute a crescente importância das políticas públicas de proteção animal no Brasil, destacando seu impacto na saúde pública, na justiça social e na sustentabilidade, e incentiva o apoio a candidatos comprometidos com essa causa.
Mahatma Gandhi uma vez disse que “a grandeza de um país e seu progresso podem ser medidos pela maneira como trata seus animais”. Há cerca de dez anos, falar sobre políticas públicas para proteger animais era muitas vezes visto como um desvio de assuntos mais sérios nos poderes Executivo e Legislativo. No entanto, nos dias atuais, essa percepção mudou significativamente.
O crescimento da “pauta dos pets” reflete não apenas mudanças no perfil familiar e na ascensão da classe média, mas também uma nova forma de engajamento político. Os animais ganharam um novo status dentro das famílias brasileiras, conforme revelado pelo censo do IBGE de 2021, que contabilizou 149,6 milhões de animais de estimação em domicílios no Brasil. A crescente conscientização sobre a senciência e consciência dos animais — sua capacidade de sentir e experienciar emoções — são cientificamente reconhecidas e tem impulsionado discussões em todo o mundo desde a Declaração de Cambridge em 2012.
A proteção dos direitos dos animais não é apenas uma questão de compaixão, indo além do movimento de proteção animal liderado por uma minoria, para se tornar uma responsabilidade compartilhada pelo governo e pela sociedade. Segundo dados da organização internacional não governamental Proteção Animal Mundial, levantados em 2019, em parceria com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil tem cerca de 30 milhões de animais abandonados vivendo nas ruas. Esses dados alarmantes destacam a urgência de um olhar sensível e assertivo para a causa animal.
Discutir e apoiar essa causa é fundamental para construir um país onde as políticas públicas abordem problemas comuns enfrentados nas cidades brasileiras. A exemplo disso, podemos citar a necessidade de controle populacional de cães e gatos; substituição dos veículos de tração animal dos grandes centros urbanos; abandono de animais, canis clandestinos e os mais variados crimes de maus tratos; superpopulação nos abrigos e canis públicos; saúde mental dos acumuladores de animais, etc.
Esses são alguns dos temas que perpassam pela dignidade animal e que não podem permanecer na invisibilidade pública ou a cargo apenas dos grupos de proteção animal. Além disso, políticas voltadas para esta causa, não só protegem os animais, mas também impactam positivamente na saúde pública em geral, reduzindo o risco de zoonoses, tais como a raiva, toxoplasmose e leishmaniose, beneficiando tanto animais quanto humanos.
Eleger representantes que valorizam a pauta animal contribui para uma sociedade mais consciente sobre a importância do respeito aos seres vivos e da coexistência pacífica entre humanos e outras espécies. Além disso, estes candidatos pensam e discutem estratégias para o melhor desenvolvimento das cidades, pois não só são responsáveis por elaborar leis e projetos, mas também por mobilizar-se fortemente e de forma qualificada na elaboração de planos de governo, mapeamento e assistência em saúde pelo poder público, que promova o controle populacional ético, vacinação em massa, tratamentos quando necessário, monitoramento comunitário adequado e combate aos maus tratos, numa corrente de solidariedade, como determina o art. 225, da Constituição Federal de 1988.
Lutar pelo direito dos animais transcende a questão ética; abrange aspectos fundamentais de saúde pública, economia e sociologia. Defender políticas que promovam o respeito aos animais reflete valores de empatia e justiça social, além de também construir um futuro mais sustentável e ético para as próximas gerações.
Apoiar candidatos comprometidos com a causa animal é uma oportunidade única de impulsionar mudanças significativas em direção a um futuro em que a coexistência harmoniosa entre todas as espécies seja uma realidade respeitada. Isso não só beneficia a vida animal, mas também contribui para o desenvolvimento de cidades mais conscientes e integradas, que funcionam de maneira inteligente, valorizando toda forma de vida.
Júlia Opuski é pré-candidata a vereadora pelo MDB.