Precisamos de mais Dagmaras e Leilas dispostas a falar

Na mesma semana em que os jornais noticiaram as condenações dos ex-jogadores da Seleção Brasileira, Daniel Alves e Robinho, a coluna recebeu duas denúncias de violência política de gênero em Câmaras de Vereadores de Santa Catarina. Nos dois casos não encontramos fontes dispostas a falar sobre o tema. No cenário de Alves e Robinho foi preciso uma mulher para dizer o óbvio: não podemos tolerar a violência contra as mulheres e os crimes precisam ser punidos.

A chefe da delegação da seleção brasileira e presidente do Palmeiras, Leila Pereira, se posicionou, na quinta-fera, 21, sobre as condenações por estupro envolvendo Daniel Alves e Robinho e rompeu o silêncio, até então, da seleção. “Isso é um tapa na cara de todas nós mulheres, especialmente o caso do Daniel Alves, que pagou pela liberdade. Cada caso de impunidade é a semente do crime seguinte” afirmou Leila em entrevista à imprensa nacional.

A colega Dagmara Spautz, do grupo NSC, traz uma reflexão necessária sobre o caso Robinho e Daniel Alves. O que os homens do nosso círculo de convivência estão comentando e pensam sobre o tema? A jornalista alerta: “a maneira como o homem enxerga esse tipo de violência diz respeito a maneira como ele enxerga a violência contra a mulher”.

Assim como no futebol, nos diferentes espaços das sociedade, ainda é preciso de mais Leilas e Dagmaras dispostas a falar e dar voz sobre a violência que as mulheres enfrentam pelo simples fato de serem mulheres. Para se ter uma ideia, no ambiente político, segundo dados do Instituto Alziras, 58% das prefeitas do Brasil afirmam ter sofrido assédio ou violência política pelo fato de ser mulher. Um crescimento de cinco pontos percentuais em relação às prefeitas do mandato anterior.

A vice-secretária-geral da ONU, Amina J. Mohammed, que está promovendo uma campanha para empoderar mulheres nos processos de tomadas de decisões multilaterais, identificando os desafios globais para a busca de soluções conjuntas, tem convocado as mulheres a participar da discussão: “Nós mulheres”: Cada voz conta e precisamos da sua!

De fato, principalmente nos ambientes predominantemente masculinos, ao exemplo do futebol e da política, a voz das mulheres e sua participação efetiva são urgentes para corrigir um silêncio histórico.

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