Prisão de Bolsonaro: aliados revoltados, choro e um silêncio que diz muito sobre 2026

Em um sábado agitado na política nacional eram 18 horas e a movimentação de políticos eleitos por Joinville sobre a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro era mais de silêncio do que de manifestações. O estrondo político que se iniciou às 6 horas da manhã, quando a Polícia Federal entrou na casa de Bolsonaro com mandado de prisão preventiva expedido pelo ministro Alexandre de Moraes, causou espanto, surpresa, indignação de aliados e comemorações da oposição. Porém, em Joinville, a neutralidade deu o tom nas redes sociais das principais autoridades políticas locais. 

Os reflexos do que aconteceu no sábado ainda terão desdobramentos, principalmente eleitorais. Em  2026 muita gente ou vai com bandeira Bolsonaro nas costas ou é oposição ferrenha ou vai de isentão defendendo a pacificação do País. Mas uma coisa ficou clara nesta época em que pesa o dedo nervoso de quem se posiciona primeiro nas redes sociais: ninguém quer entrar em bola dividida quando o assunto é Bolsonaro.

Maioria da Câmara de Vereadores adota silêncio estratégico. Ou medo eleitoral?

Na Câmara de Vereadores a tarde de sábado foi de aparente normalidade. Cada um seguiu o seu planejamento e sua agenda. Dos 19 vereadores, apenas cinco se manifestaram nas redes até as 18 horas de sábado. Doze horas depois do episódio que dominava o noticiário. Não foi novidade encontrar manifestações dos políticos da bancada do PL. Brandel Júnior, Cleiton Profeta, Instrutor Lucas e William Tonezzi se manifestaram indignados com a prisão, postando em suas redes sociais. Instrutor Lucas postou um videos do deputado Nikolas Ferreira. O restante dos vereadores, com exceção óbvia da vereadora Vanessa da Rosa (PT) que comemorou a prisão, mantiveram o silêncio. Fato que chama a atenção.

Não postar também é se posicionar

Analisamos com a linha de corte sendo sábado até o final da tarde, no ápice da crise. Todos os políticos têm assessoria ágil nas redes sociais. Eles mesmo utilizam as ferramentas digitais como grande trunfo de comunicação e não perdem tempo de adotar trends da moda ou copiar vídeos viralizados das redes. Em episódio de tanta ebulição política é curioso notar a cautela para não haver precipitação ou deixar que o eleitorado se manifeste pressionando por um posicionamento mais claro sobre o caso. Os reflexos do silêncio ou não da prisão de Bolsonaro serão sentidos em 2026, ano de eleição estadual onde muitos tentarão vaga na Assembléia Legislativa ou na Câmara Federal.

Deputado Sargento Lima posta vídeo animado 

Fora da Câmara, outras manifestações de políticos joinvilenses com mandato também foram dos filiados ao PL. O deputado estadual Matheus Cadorin (Novo) apenas noticiou o fato e sem opinião. Os deputados estaduais Maurício Peixer e Sargento Lima, ambos do PL, postaram manifestações de injustiça pela prisão do líder da direita. Lima ainda publicou vídeo animado que aponta a prisão como um roteiro armado.

O deputado Fernando Krelling (MDB) nada falou durante todo o sábado. A senadora Ivete da Silveira (MDB) também nada postou. 

Dor no coração e choro de Zé Trovão

No campo federal o maior protagonista que mais sentiu o baque foi o deputado federal Zé Trovão (PL). O parlamentar, que tem posicionamento nacional, fez vídeo, suspendeu agendas e seguiu para o front em defesa do ex-presidente. Em um dos vídeos postado logo após a divulgação das imagens da tornozeleira eletrônica violada , ele aparece chorando e desabafa:  “Estão literalmente destruindo a vida de um homem e o Brasil precisa se levantar contra injustiça”.  

Prefeito e vice ignoram. Jorginho e João Rodrigues se posicionam

Adriano Silva e Rejane Gambin nada registraram sobre a prisão de Bolsonaro. Frequentemente abordam aspectos nacionais em suas redes, principalmente a vice de olho em uma vaga na Câmara Federal. No sábado postagens protocolares e nem um sinal de manifesto sobre o fato que mexeu com a política nacional. O governador Jorginho Mello (PL) e João Rodrigues (PSD), pré-candidatos ao governo do Estado, gravaram vídeo em solidariedade ao líder da direita.

Conflito entre vereadores extrapola bastidores e também vai para as redes sociais

Quem não acompanha o dia-a-dia da Câmara de Vereadores talvez não note a guerra explícita entre alguns vereadores. E não se trata apenas de governo x oposição, o que é normal em parlamentos. O que acontece hoje na CJV é um embate que envolve muita rede social, provocações, palavras fortes e acusações. A briga com mais contornos é entre os vereadores Cleiton Profeta (PL) e Mateus Batista (União). Em uma reunião de comissão na semana passada foram ditas palavras como “pilantra”, “vagabundo”, “travesti político” e até pedido à segurança para retirada de um assessor de Mateus, que discutia com o vereador Profeta. Nível alto de agressão verbal. Tudo isso exposto, obviamente, nas redes sociais dos políticos. 

Causa animal na pauta da divergência

Em uma outra esfera a disputa é entre o vereador William Tonezi (PL) e a vereadora Liliane da Frada (Podemos). Os dois parlamentares travam um embate que envolve proteção animal, acusação de supostas arbitrariedades e perseguição política. Os três vídeos de  acusações do vereador William Tonezzi contra a colega de parlamento estão inclusive fixados como destaque no seu perfil no Instagram com o título de “Atitude Irresponsável”. Liliane defende-se dizendo que é perseguida pelo vereador de modo “até diabólico”.

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