Bia Vargas escreve artigo sobre o talento e a luta de Vini Jr. contra o racismo no futebol, destacando a importância de sua resistência e o impacto social de sua postura ativa em dar voz à igualdade e justiça.
Assistimos felizes e vibramos com os gols e jogadas decisivas do Vini Jr. durante todo o ano. Também nos preocupamos e debatemos sobre os diversos ataques e as reações que o atleta teve diante de inúmeras violências. Mas afinal, o que pode causar tanta ira? O homem é talentoso, entrega o entretenimento que se espera do esporte; o que será que falta nele? Pois eu respondo: falta silêncio!
Vini se mostrou barulhento demais, arrastou móveis demais em busca de uma nova configuração de espaço. Vini Jr. não foi feito para calar, ponderar ou apenas deixar pra lá como muito se espera daqueles que parecem ser como ele. Cutucar onde dói, sangra, incomoda e gera reações. E foi parte dessa reação que assistimos incrédulos: a Bola de Ouro parar em outras mãos que não aquelas que ganharam tudo o que podiam, que estavam no imaginário e nas escolhas da maioria que minimamente acompanhou o futebol mundial em 2024. O racismo impera e até hoje quer tornar cativos os passos e comportamentos dos que são considerados inferiores.
Essa luta contra a opressão não é apenas uma batalha individual; é um reflexo de uma sociedade que ainda luta para reconhecer a igualdade em todas as suas formas. O talento de Vini Jr. vai além das quatro linhas do campo; ele representa uma esperança para muitos jovens atletas que sonham em ser vistos não apenas pela cor da pele, mas pelo seu potencial e dedicação. Cada drible, cada gol marcado, e cada ato de resistência se transforma em um grito por justiça e reconhecimento, ressoando em um mundo onde a diversidade deve ser celebrada.
Além disso, a pressão sobre atletas negros é exacerbada por um histórico de discriminação enraizado no esporte. A expectativa de que eles sejam “gratos” ou “silenciosos” diante das adversidades é um fardo pesado demais para carregar. Quando Vini Jr. expressa sua indignação ou defende seus direitos, ele não está apenas falando por si mesmo; ele está dando voz a muitos outros que enfrentam situações semelhantes. A sua visibilidade traz à tona discussões necessárias sobre racismo no futebol e na sociedade como um todo, desafiando narrativas preconceituosas.
Por fim, é fundamental que todos nós nos unamos para apoiar personalidades como Vini Jr., reconhecendo sua luta e celebrando sua coragem. Precisamos promover um ambiente onde todos possam se expressar livremente, sem medo de represálias ou julgamentos. Que possamos aprender com essa história e trabalhar juntos por um futuro onde o talento seja reconhecido independentemente da cor da pele, onde o silêncio não seja visto como virtude, mas sim como uma escolha consciente de quem tem voz para transformar realidades.
Bia Vargas (PT) é empreendedora e suplente de vereador em Florianópolis a partir de 2025.