Purpurina – O Musical retorna aos palcos de Florianópolis no CIC

Após três anos, a grande produção “Purpurina – O Musical” retorna aos palcos da Capital em duas sessões no Teatro Ademir Rosa (CIC) no dia 26 de setembro, às 18h30 e 21h30. Criado por André Sens e Jamil Vigano, o espetáculo celebra a arte drag e a cultura queer em uma envolvente história que mistura romance policial, drama e humor, com 15 músicas originais e coreografias vibrantes.

A trama se passa em Magnólia, distrito fictício onde está localizada a lendária Casa Purpurina – palco de grandes apresentações drag e também um lar de acolhimento para artistas marginalizados. Entre os protagonistas está Perla Purple, personagem interpretada por Vinicius Tancredo, que dá vida a uma drag poderosa, cheia de camadas e de humanidade.

Vinicius não é apenas ator: é cantor, cabeleireiro, figurinista e drag queen. Nome conhecido no Carnaval de Florianópolis, atua desde os 15 anos, sendo destaque de chão há uma década e ex-Muso da Unidos da Coloninha. Assina figurinos de personalidades do samba, já foi premiado como melhor destaque de luxo da cidade e, como a drag Catharina Camargo, brilha em palcos e eventos importantes, da Parada LGBTQIA+ ao Stage Music Park.

Na entrevista exclusiva à Ponte Cultural, ele falou sobre o processo criativo, representatividade e o impacto de estar em uma superprodução como Purpurina – O Musical.

ENTREVISTA EXCLUSIVA COM VINÍCIUS TANCREDO

Fotos: Joy Studios

Vinicius, o que a sua drag traz de especial para a construção da narrativa de Purpurina?
“Eu já tinha a drag Catarina Camargo há 10 anos, e ela tem muitas relações com a Perla — nos gostos, gestos e falas. Então pude trazer muito da minha drag para a personagem, acrescentando meu estilo e experiência. A Perla é uma mãezona, acolhe as minorias, as pessoas que sofrem rejeição em casa. Além disso, trouxe muito da minha vivência de figurinista, do gestual e da estética. Essa criação foi feita em conjunto com a direção, o que tornou tudo ainda mais especial.”

Como é para você, enquanto drag e ator, dar vida a uma personagem em um espetáculo que celebra a cultura queer em um palco tão importante como o CIC?
“Existe muita representatividade em estar ali. Eu sou gordo, não tenho um corpo padrão, sou um gay afeminado e, muitas vezes, até dentro da nossa comunidade há rejeição por isso. O Purpurina mostra justamente que pessoas diferentes, com diferentes estilos e crenças, podem se reunir e criar um espetáculo grandioso abordando temas tão importantes.”

Que transformações a experiência de estar em Purpurina – O Musical trouxe para você?
“Foi transformador. Hoje sabemos que é cafona pensar que só pessoas com corpo ou estética padrão devem aparecer. O Purpurina mostra diversidade real — diferentes corpos, pensamentos e vivências. Estar nessa superprodução me abriu horizontes. Como artista local, muitas vezes o espaço é limitado, mas agora, no CIC, com duas sessões num teatro incrível, sinto que minha mente se abriu para acreditar ainda mais no meu trabalho e nunca duvidar do grande artista que sou.”

O que você espera que o público leve consigo depois de assistir ao espetáculo?
“Espero que o público se encante com a história. São três protagonistas que vivem situações muito reais: um filho gay não aceito em casa, uma drag queen em busca do amor verdadeiro e uma mulher trans que luta para conquistar espaço como modelo. Quero que a plateia leve uma mensagem de carinho, de atenção ao próximo, de abertura de mente. Porque caráter não tem a ver com sexualidade ou aparência — cada um deve viver sua vida sem julgamentos. Se o público sair do teatro refletindo sobre isso, já terá valido a pena.”

Serviço

O quê: Purpurina – O Musical
Quando: 26 de setembro, às 18h30 e 21h30
Onde: Teatro Ademir Rosa (CIC)
Ingressos: à venda no Pensa No Evento
Classificação: 16 anos

A produção é realizada pelo Ministério da Cultura, via Lei Rouanet, com patrocínio do Boulevard 14/32 e Floripa Airport, apoio da Secretaria de Cultura, Arte e Esporte da UFSC, e produção do LAB DAT – Laboratório de Design, Audiovisual e Transmídia.

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