Artur de Castro escreve artigo em que fala do sucesso das empresas catarinenses, destacando os fatores que impulsionam seu crescimento, como governança corporativa, investimentos em tecnologia, associativismo e parcerias estratégicas.
Santa Catarina é o estado de origem de 141 das 500 empresas citadas no ranking Maiores do Sul elaborado pelo Grupo Amanhã em parceria com a consultoria PwC Brasil. O grupo de 141 companhias catarinenses inclui líderes em distintos segmentos e registrou cerca de R$ 354,6 bilhões de receita líquida em 2022, o que demonstra o peso do Estado no desenvolvimento da economia regional. Neste contexto, há outro dado importante a ser considerado: no último trimestre de 2023, Santa Catarina apresentou o menor índice de desemprego do País (3,2%, de acordo com o IBGE). Assim, quatro são os motivos principais para tamanho sucesso dos empreendimentos catarinenses.
Um deles é o investimento em governança, que qualifica a gestão corporativa, sobretudo em empresas familiares, nas quais separar interesses e garantir a perenidade do negócio são grandes desafios. Dedicar esforços para o planejamento sucessório, a manutenção do relacionamento e a gestão interna tem sido crucial para o crescimento das empresas catarinenses. A principal medida é a adoção de conselhos de administração com conselheiros independentes, prática disseminada no Estado e que torna os negócios mais resilientes às mudanças de mercado, além de fomentar a inovação a partir da diversidade de experiências e de uma visão abrangente proporcionada pelos profissionais.
Investir em expansão de operações, aperfeiçoamento de processos produtivos em parques fabris, digitalização e tecnologia de ponta também é uma estratégia que tem impulsionado a economia local. Inclusive, a própria gestão pública estadual contribui para o movimento por meio do Programa de Desenvolvimento da Empresa Catarinense (Prodec). No final de 2023, a Secretaria de Estado da Indústria aprovou R$ 158,47 milhões em investimentos privados em Santa Catarina, com parte do montante sendo destinada à construção, ampliação ou modernização das zonas industriais.
O associativismo é outro importante impulsionador, especialmente no contexto dos novos negócios. Embora a competitividade seja uma característica inerente à economia, a união de esforços entre os maiores e os menores players de diversos segmentos alavanca o crescimento conjunto e incentiva as melhores práticas de gestão, tecnologia e governança. Além disso, o apoio mútuo contribui em capacitação de pessoal, redução de custos, aprendizagem multidisciplinar, troca de experiências, aumento da lucratividade e incentivo à cultura empreendedora.
Aliás, as parcerias e alianças estratégicas podem ser estabelecidas em escala nacional e global. Este é um meio pelo qual os serviços e produtos ofertados no Estado têm se tornado cada vez mais qualificados e, consequentemente, estimulado a competitividade e o aprimoramento em todo o País. Os acordos entre empresas focam nos ganhos recíprocos por meio da união de recursos tangíveis e intangíveis (ainda que as organizações mantenham sua independência). Em Santa Catarina, observa-se ações como o financiamento de projetos, o desenvolvimento conjunto de soluções, a integração de ferramentas tecnológicas, a identificação de gaps de produtividade, a otimização do customer experience e a utilização da expertise parceira para potencializar resultados.
Em síntese, o sucesso empresarial de companhias catarinenses está intimamente ligado a uma atuação estratégica. Novos e tradicionais players devem estar cientes desse panorama e da necessidade (e desafio) de manter uma inovação contínua para nutrir sua longevidade. Em meio a tal contexto, quem estiver à frente de posições de C-Level e Conselho deverá, mais do que nunca, aproveitar o potencial do Estado – que tem, hoje, uma das maiores economias do Brasil.
Artur de Castro é sócio da Evermonte Executive Search e líder das operações de Santa Catarina