O ex-governador Raimundo Colombo é um exímio contador de causos. Com sua voz pausada e aquele jeito de velho amigo, ele sabe envolver os ouvintes até o momento do ápice da história.
Conta causos da política serrana. Fazia isso em palestras em universidades e associações pelo interior de Santa Catarina quando era governador. Fui em várias, no período que estive no governo. Uma dessas histórias, hilária, ele gostava de contar quando falava sobre planejamento.
O fato teria ocorrido como então prefeito de São Joaquim, Prudente Cândido da Silva, o lendário Tio Pruda. Foi um político a moda antiga, daqueles que atendia o povo em qualquer lugar e quando não tinha a solução para o problema, largava uma de suas tiradas que acabaram virando folclore. No corredor da prefeitura ele encontrou um cidadão esbaforido, que foi logo contando o problema.
Tio Pruda do céu. Estou com um problema sério. Minha mulher ganhou nenê e estou sem dinheiro para comprar enxoval, umas coisas pra mãe e pra criança e ainda tenho que pagar pela cesariana. Veja bem ‘home do céu’ esse filho me pegou desprevenido. Só o senhor para me ajudar.
Tio Pruda cofiou o bigode, pensou, e largou essa:
Barbaridade, “home do céu”, se você que estava ali ao lado dela por nove meses foi pego desprevenido, imagina eu que estou sabendo a história só agora.
Mas como era homem de bom coração e fazia política daquele modo antigo, acabou ajudando o amigo e ainda foi convidado para ser padrinho do recém-nascido.
Raimundo Colombo contava a história, arrancava risos da plateia e concluía: assim como na vida, no Governo também precisamos de planejamento.
Arte em destaque: Galvão Bertazzi.