O futuro do restaurante popular está sendo discutido em Florianópolis. Moradores e comerciantes reclamam dos impactos nas imediações, como lixo e insegurança, e querem uma audiência com o prefeito Topázio Neto (PSD) em busca de solução.
O desafio é buscar uma solução que preserve o equipamento – importante para a segurança alimentar da população vulnerável – e que também garanta a retomada da tranquilidade no entorno da avenida Mauro Ramos, na região central. O assunto voltou a ser discutido pela Câmara de Vereadores em reunião ampliada realizada na sexta-feira (16), que reuniu comunidade e órgãos públicos.
Alguns moradores, como Márcio Heinzen, usaram a tribuna para relatar os problemas que vem sendo enfrentados desde que o restaurante começou a funcionar, em julho de 2022, entre eles brigas constantes e sujeira na frente dos prédios e dos estabelecimentos comerciais. “Não é nosso objetivo fechar o restaurante, mas precisamos regulamentá-lo. É um pedido de socorro”, disse Heinzen.
Fernando Luz, síndico de um condomínio residencial que fica perto do restaurante, também falou sobre os transtornos os problemas frequentes no local, que vem exigindo monitoramento constante da Guarda Municipal e da Polícia Militar.
Os casos de violência fora, no entanto, minimizados pela defensora pública estadual Ana Paula Fischer. Segundo ela, não há registros de ocorrências graves, apenas desentendimentos verbais: “A situação está sendo distorcida pela imprensa”. Ela defendeu mais banheiros públicos nas ruas, para uso dos moradores de rua, e a fortalecimento do Centro POP.
A vereadora Tânia Ramos (PSol) também defendeu a melhoria das políticas de assistência à população em situação de rua. De acordo com Carla Ayres (PT), as legislações municipais e federais, que tratam da segurança alimentar, não estão sendo cumpridas. Ela considera que a situação no entorno do restaurante se agravou por “falta de gestão” e entregou um abaixo-assinado em defesa da manutenção e ampliação do equipamento. A petista defendeu ainda um estudo sobre os restaurantes populares “que dão certo no país”.
O vereador Bruno Becker (PL) citou a experiência de Belo Horizonte – cidade que foi pioneira em restaurantes populares, em 1994, e que hoje tem quatro unidades, entre eles o maior do país – e sugeriu um grupo de trabalho entre governo, Câmara e sociedade civil para discutir o que pode ser feito em Florianópolis para superar o problema.
Depois da reunião, a vereadora Manu Vieira (Novo) falou à coluna que defende a manutenção das abordagens das força de segurança até a abertura do centro de convivência planejado pela prefeitura de Florianópolis, além de revisão dos critérios de atendimento do restaurante “para entender como lidar com as pessoas que provocam confusão e constrangimento dentro do estabelecimento”.
Maryanne Mattos (PL), que está intermediando uma audiência dos moradores com Topázio, cogita fazer outra reunião no Legislativo em horário não comercial, que permita maior participação dos comerciantes da área. E também fala em solicitar “maior presença ostensiva da segurança pública no entorno, mantendo as revistas pois foi relatado que esse fato fez as pessoas frequentarem mais o restaurante popular por se sentirem seguras”.
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Reunião ampliada discutiu os impactos do restaurante popular no entorno da unidade que fica na avenida Mauro Ramos, centro de Florianópolis. Foto: Édio Hélio Ramos, divulgação, CMF