Rodrigo Collaço traz uma reflexão instigante sobre o impacto da inteligência artificial na advocacia e os desafios éticos e profissionais da nova geração de juristas.

Recentemente, a convite do Menezes Niebuhr Sociedade de Advogados, tive a oportunidade de participar de uma fala para estudantes de Direito, compartilhando um pouco da minha trajetória e debatendo temas essenciais para a profissão. Foi um momento enriquecedor, ainda mais por poder dividir esse espaço com os colegas dr. Joel de Menezes e drª Gabrielle Brüggemann, cada um com suas próprias vivências e contribuições. Mas, entre os assuntos discutidos, um tema se destacou: a inteligência artificial e seu impacto na advocacia.
A revolução tecnológica que vivemos hoje não é apenas uma mudança de ferramentas, mas uma transformação na própria estrutura do Direito. No passado, o domínio da escrita e do conhecimento doutrinário era um grande diferencial. Hoje, com a IA nivelando o acesso à informação e otimizando processos, esse diferencial já não é mais suficiente. O desafio para a nova geração de advogados não está apenas na técnica, mas em como se posicionar em um mundo onde máquinas aprendem, analisam e até auxiliam na tomada de decisões jurídicas.
Penso que estamos diante de uma encruzilhada histórica. Ainda não sabemos se a inteligência artificial permanecerá subordinada ao ser humano ou se avançará para uma autonomia decisória que desafia conceitos éticos fundamentais. Essa discussão não se limita ao campo jurídico, mas envolve reflexões existenciais sobre verdade, justiça e a própria natureza do conhecimento.
Olhando para a história, vemos que grandes revoluções sempre trouxeram insegurança. A industrialização, por exemplo, gerou temores sobre o fim do trabalho humano, mas também criou novas oportunidades. O mesmo ocorrerá com a IA. Haverá desafios, mas também surgirão novas formas de atuação para os advogados que souberem se adaptar, compreender e até liderar essa transformação.
A nova geração de advogados já nasceu digital, com uma capacidade de adaptação que supera a das gerações anteriores. Isso não elimina as dificuldades, mas oferece uma vantagem: a possibilidade de enxergar o Direito com um olhar inovador, crítico e alinhado com as demandas do futuro.
Fica o convite para refletirmos juntos: como a advocacia pode se preparar para esse novo cenário? Quais habilidades serão essenciais para o advogado do futuro? O debate está apenas começando.
Rodrigo Collaço é sócio fundador do CGP Advocacia