
Um dos top 10 prefeitos “tiktokers” do País, Rodrigo Manga ilustra bem como engajamento e curtidas não valem de nada quando o discurso não conversa com a prática. A visibilidade é generosa na ascensão e impiedosa na queda.
Este não é um texto sobre as acusações em si, nem sobre o roteiro que levou a Polícia Federal a bater à sua porta e ao afastamento de seis meses.
O foco aqui é outro: como um investimento pesado em notoriedade, proximidade e narrativa desmorona em segundos quando a reputação entra na linha de tiro – ainda mais diante de suspeitas que envolvem empresas fantasmas, caixa dois, propina e familiares em esquemas de desvio de recursos públicos.
Há quem diga que uma comunidade digital forte blinda o político e cria uma base de sustentação da narrativa. Ajuda, sem dúvida. Mas até onde?
Reputação, ao contrário de viralização, não nasce com likes. Constrói-se ao longo do tempo, no acúmulo de decisões, na coerência diária – aquele trabalho silencioso que quase nunca rende vídeo.
Manga investiu no formato: abraços, bordões, presença constante, linguagem popular e a habilidade de transformar qualquer pauta em conteúdo. O público gosta da proximidade, da conversa rápida, do humor. Tudo funciona. Até o momento em que o comportamento real contradiz a performance. A partir daí, nem a melhor edição resolve.
A grande ilusão é acreditar que a fidelidade da base digital compensa a inconsistência fora das telas. A comunidade pode até proteger no início, mas não sustenta incoerência prolongada. Redes sociais aceleram tudo – inclusive a erosão da confiança.
No recém-lançado Cabeça de Candidato, de Alberto Laje e Iracema Rezende, há uma frase que não poderia ser mais pertinente: notoriedade e credibilidade são coisas muito diferentes no contexto eleitoral. A primeira se conquista com exposição; a segunda, com coerência. Quando uma delas falta, a conta, cedo ou tarde, chega.
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*Imagem ilustrativa, gerada por IA





