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7 de setembro de 2024

Retrofit: prédios antigos do centro de Florianópolis passam por revitalização

Retrofit avança em Florianópolis

O engenheiro civil Gustavo Bulcão Vianna e seus sócios da Reviva Retrofit estão investindo na revitalização de prédios antigos. São três projetos na região central de Florianópolis. Um dos edifícios, na avenida Rio Branco, já foi transformado e está ocupado. As outras duas obras – Oslo, na rua Adolfo Melo, e o Fuji, na rua Trajano – estão em andamento. São imóveis originalmente voltados para atividades comerciais, que estavam ociosos e vão passar a ter utilização residencial, com fachadas ativas no térreo – com lojas, cafés ou restaurantes – abertas para circulação da comunidade. Nesta conversa com a coluna, Gustavo avalia as mudanças da lei do Retrofit, que começou a valer no último dia 4 de julho, e como podem impactar positivamente no perfil urbano do centro histórico da capital. Uma das expectativas é que a lei atraia novos moradores para a área.

Por que a lei do Retrofit vai ser positiva para Florianópolis?
Gustavo Bulcão Vianna
– Porque tem o potencial de trazer de volta a convivência para a área central da cidade, especialmente para o centro histórico e para a ala leste. Hoje, 70% do centro é comercial e 30% residencial, porque o Plano Diretor antigo favorecia isso. A cidade precisou mudar a lei e, com a revisão, o PD mudou o posicionamento, pensando a cidade de forma diferente. Exemplos disso são a liberdade de mudar o uso das edificações e não exigir mais de vaga de garagem para cada unidade residencial. Foi um ganho muito grande.

O Fuji, na rua Trajano, passa por uma transformação. À esquerda, o prédio antes do início da obra, que está em andamento. Na imagem acima, como será a nova fachada depois do Retrofit. No coração do centro, diante do Palácio Cruz e Sousa, o edifício vai ter ocupação predominantemente residencial, com operações comerciais no térreo.

Quais são as principais vantagens do Retrofit?
Gustavo Bulcão Vianna
– Uma delas é a simplificação da regularização das edificações antigas, em comparação ao Plano Diretor. Não que seja menos exigente em relação a normas de prevenção, mas desburocratiza. Também permite a mudança do uso do comercial para residencial em patrimônios históricos e culturais, o que é muito bom. Permite, ainda, aproveitar os telhados para rooftop ou até aumentar o prédio em até 30% se a estrutura suportar. O novo Plano Diretor e o Retrofit são complementares e muito bons para a cidade – o PD mais para edificações novas e o Retrofit no caso de qualificação e reposicionamento de construções antigas e históricas.

Gustavo entre os sócios da Reviva Retrofit, Eduardo Voigt e Mariana Voigt Gomes

Quantos imóveis estão desocupados hoje e poderiam ser transformados pelas regras do Retrofit?
Gustavo Bulcão Vianna
– São cerca de 120 prédios 100% desocupados no centro da cidade. Desses, quase 30% são tombados como patrimônio histórico e, portanto, seguem as regras do Sephan e do Ipuf (Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis). Esses prédios estão hoje obsoletos, degradados. Para reativá-los, temos que ter regras menos burocráticas, que permitam um caminho mais rápido para aprovar um projeto, pensar num novo uso e fazer a reforma. A lei do Retrofit desburocratiza isso.

Na prática, o que vai ser vantajoso e fazer a diferença na hora de empreender?
Gustavo Bulcão Vianna
– O Retrofit facilita a aprovação e o licenciamento da obra. Desburocratiza a regra. A gente já consegue iniciar a obra, gerando emprego e renda, e em paralelo, ir aprovando o projeto de forma autodeclaratória. Como a edificação já está pronta, é possível ter aprovação, reforma e término no mesmo ano – que é o tempo só para aprovação no caso de uma edificação nova. Isso trazer novos olhares a investidores do setor imobiliário.

Oslo, na rua Adolfo Melo: como estava o prédio e como vai ficar com a obra concluída.

A expectativa é que a transformação desses imóveis modifique o perfil do centro e movimente a região. Você acredita que o Retrofit vai permitir que muita gente, que hoje não tem condições, consiga morar no centro, perto do local de trabalho, por exemplo?
Gustavo Bulcão Vianna – O antigo Plano Diretor privilegiava o comércio e agora isso mudou. Nas cidades que já adotaram o retrofit, e que o modelo deu certo, o modelo é inverso, com apartamentos residenciais e comércio no térreo. É uma tendência mundial. A gente acredita que uma forma de trazer vida de volta ao centro da cidade é trazer muitas residências para a região, para que não tenha vida só no horário comercial. Faz parte disso trabalhar, estudar e se divertir a passo de uma caminhada, sem precisar do carro.

Os projetos da Reviva serão os primeiros pelas regras da lei do Retrofit?
Gustavo Bulcão Vianna
– Estão sendo os primeiros depois da aprovação do novo Plano Diretor nessa linha de obras antigas. E agora, com a sanção da lei, vamos começar a trabalhar pelo Retrofit, que simplifica o processo.
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No alto, o antes e o depois do Soho, na avenida Rio Branco, obra de Retrofit já concluída pela Reviva. Fotos: divulgação

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